Este foi um ano difícil para os jornalistas devido ao aumento da violência que bateu todos os recordes e aos conflitos relacionados às eleições.
A credibilidade da mídia, que já era baixa, não melhorou durante o processo eleitoral devido a campanhas de notícias falsas, apesar das tentativas de neutralizá-las através de recursos como Verificado.com, e foram feitas também campanhas sujas entre os candidatos nas redes sociais.
O novo governo do presidente eleito Andrés Manuel López Obrador, que tomará posse no dia 1º de dezembro, disse que irá modificar radicalmente o relacionamento com a mídia. Por um lado, falou em reduzir a verba para publicidade oficial e, por outro, não esclareceu como esse novo relacionamento será. São preocupantes declarações como "apoiaremos a mídia que se dedicar ao jornalismo investigativo" ou "criaremos um prêmio para o melhor jornalismo".
A essa incerteza sobre o relacionamento entre a imprensa e o governo somam-se a crise econômica agravada pelo preço do papel em âmbito internacional e a redução da pauta publicitária, o que torna cada vez mais difícil a sustentabilidade do modelo de negócio dos jornais.
Neste período foram assassinados oito jornalistas. Outros dois casos foram crimes comuns como roubo ou feminicídio.
Além dos assassinatos ocorridos desde o início de 2018 e incluídos no relatório apresentado em Medellín – Carlos Domínguez, 13 de janeiro; Pamela Montenegro, 5 de fevereiro, e Leobardo Vázquez, em 20 de março – foram assassinados neste período:
Em 15 de maio, Juan Carlos Huerta Gutiérrez, jornalista do estado de Tabasco foi assassinado em sua residência em Villahermosa, Tabasco. A princípio, pensou-se que ele havia sido morto em uma tentativa de assalto, mas o governador do estado, Arturo Núñez Jiménez, descartou essa hipótese e confirmou que o jornalista foi executado quando saía de casa e que o objetivo dos assassinos tinha sido matá-lo.
Em 29 de maio, o corpo de Héctor González Antonio, correspondente do jornal Excélsior e do Grupo Imagen e de outros meios de comunicação locais foi encontrado em Ciudad Victoria, Tamaulipas. O jornalista foi espancado até a morte. As investigações do gabinete do procurador-geral do estado ainda não avançaram.
Em 3 de junho, María del Sol Cruz Jarquín, fotojornalista, foi assassinada quando cobria as eleições em Oaxaca. No ataque armado, foi assassinada também Pamela Zamari, candidata a vereadora pela coalizão "Todos por México", do PRI, PVEM e Panal, e filha de Juan Terán Regalado, suposto líder de uma organização criminosa que atua no istmo de Tehuantepec.
Em 10 de julho, Luis Pérez García, diretor da revista Encuesta Hoy, foi assassinado com um golpe na cabeça por pessoas que entraram na sua casa, em Iztapalapa, na Cidade do México.
Em 29 de junho, José Guadalupe Chan Dzib, repórter do semanário digital Playa News Aquí y Ahora foi baleado em um bar no estado de Quintana Roo, na região sudeste do país, segundo confirmação do Ministério Público local. O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ONU-DH) no México condenou o assassinato e afirmou ter informações sobre ameaças que o jornalista havia recebido.
Em 24 de julho, Rubén Pat Cauich, diretor de um pequeno website de notícias policiais chamado Semanário Playa News, foi assassinado às 5 horas da manhã quando saía do bar Arre, a alguns quarteirões da Quinta Avenida, em Playa del Carmen. Em 25 de junho, depois de publicar uma matéria que ligava as autoridades locais a membros do crime organizado, Pat apresentou denúncia de ameaças e tortura recebidas por policiais locais perante o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos.
Em 5 de agosto, Rodolfo García, fotógrafo e colaborador dos semanários Día Siete e Nuevo Milenio, foi assassinado em Valle de Santiago, Guanajuato.
Em 22 de setembro, Mario Gómez, repórter e correspondente do El Heraldo de México, foi assassinado quando saía de sua casa, no município de Yajalón, em Chiapas.