Nesse período, foram registrados vários casos de obstrução do acesso às informações públicas pelo governo e órgãos que o compõem.
Em 12 de maio, o Diario Extra recorreu ao Tribunal Constitucional para interpor recurso de apelação contra Carlos Alvarado, presidente da República; Geannina Dinarte, ministra do Trabalho, José Luis Bermúdez, presidente executivo do Instituto Misto de Assistência Social (IMAS) e contra o ministro de Desenvolvimento Humano e Inclusão Social, por terem ocultado as listas dos cidadãos beneficiários do Proteger, subsídio concedido pelo governo devido à pandemia.
Em 29 de maio, o Fundo Costarriquense de Previdência Social (CCSS) distribuiu uma circular lembrando os diretores dos hospitais públicos de quem poderia dar declarações e o que essas pessoas deviam dizer à mídia. Essa medida foi tomada depois que profissionais do setor de saúde informaram que os equipamentos de proteção entregues aos funcionários eram defeituosos. A Procuradoria-Geral e o Congresso investigam a compra desses equipamentos depois das denúncias da mídia.
Em junho, Yamileth Astorga, presidente executiva do Instituto Costarriquense de Águas e Esgotos (AyA) pediu que os sindicatos da instituição não se comunicassem com o Diario Extra devido às perguntas sobre a implementação do orçamento e os procedimentos de faturamento. Astorga referiu-se também ao portal CrHoy, alegando que os dois meios de comunicação promoviam uma privatização. O Diario Extra, o CrHoy e vários cidadãos interpuseram recursos de apelação no Tribunal Constitucional, argumentando que Astorga promove a censura e oculta informações.
Em agosto, o Tribunal Constitucional emitiu decisão sobre um dos recursos e condenou Astorga por unanimidade, concluindo que o "chamado a não alimentar a mídia" é particularmente grave, principalmente pelo cargo que Astorga ocupa, e que, na prática, a medida se transforma numa censura velada. Se Astorga tomar novamente esse tipo de medida poderá responder por desobediência à autoridade, com pena de três meses a dois anos de prisão ou 20 a 60 dias-multa.
Alegando instruções do governo federal, o ministério do Trabalho e Segurança Social (MTSS) ordenou que suas agências não comprassem mais o Diario Extra. O MTSS enviou o ofício DGAF-OF-383-2020 para o Grupo Extra, notificando-o de que as assinaturas seriam canceladas. A medida foi tomada depois do recurso interposto contra Geannina Dinarte, ministra do Trabalho, por ela ter se recusado a fornecer informações sobre o subsídio Proteger.
Em 16 de julho, o Diario Extra interpôs recurso contra o presidente Alvarado, contra o ministro da Saúde, Daniel Salas, e o ministro das Comunicações, Agustín Castro, por sequestro de informações públicas.
A Associação de Jornalistas de Costa Rica aderiu ao recurso, no processo 20-012614-000, assim como Catalina Crespo, defensora dos habitantes de Costa Rica, que argumentou que a conduta do governo prejudica os cidadãos em uma época de crise.
O recurso foi interposto contra o governo porque durante os meses da pandemia houve violação do direito de acesso às informações e de liberdade de imprensa, assim como do direito de petição, consagrados na Constituição.
O pedido aos magistrados visa que se ordene que o governo adote um sistema de informações amplo, eficaz e transparente, sem restrições de acesso às informações e que permita fazer perguntas aos funcionários públicos encarregados de assuntos relacionados à pandemia e também receber esclarecimentos deles.
Em 31 de julho, o Tribunal Constitucional condenou o ministro da Saúde, Salas Peraza, por ele se recusar a fornecer informações relacionadas a dados da Covid-19.
O tribunal decidiu em favor do recurso 20-011445-0007-CO interposto por representantes da Interferência de Radioemisoras UCR contra o diretor dos comunicadores sociais David Antonio Bolaños, Édgar Chavarría Hernández e Hilda Miranda Picado. Na opinião do Tribunal Constitucional, não existe nenhuma justificativa válida para impor condições à entrega de informações ou recusar-se a fornecê-las, mesmo no contexto atual da pandemia.
Os jornalistas Óscar Ulloa Rojas e Luis Pablo Campos Salas foram humilhados durante uma coletiva de imprensa em rede nacional de TV por um funcionário da presidência quando fizeram perguntas sobre temas importantes aos membros do gabinete.
O presidente Alvarado chamou os meios de comunicação em cadeia nacional de "estúpidos" porque lhe faziam várias perguntas sobre como a pandemia está sendo gerenciada.
Jornalistas do Canal 7, Noticias Repretel e La Nación foram agredidos verbalmente e ameaçados por grupos e organizações durante os protestos contra o governo por novos impostos estabelecidos.
Policiais protegeram as instalações da Teletica depois que um grupo de manifestantes foi ao local para questionar sua linha editorial e sua proximidade com o governo de Alvarado.