A liberdade de imprensa tem sido enfraquecida por diversas atitudes e ações das autoridades do país contra jornalistas.
Em 8 de março, o jornalista Orlando Villanueva, que já havia apresentado queixas ao Ministério Público em Puerto Barrios, departamento de Izabal, contra funcionários públicos e empresários da região, foi assassinado. Villanueva publicava matérias no site Noticias del Puerto e no Facebook sobre a corrupção na prefeitura. O assassinato de Villanueva é uma das consequências da animosidade contra jornalistas e veículos de comunicação que criticam o governo central e do interior.
A Associação de Jornalistas da Guatemala registrou 19 ataques em março, inclusive ameaças, obstruções e intimidações por meio das redes sociais e difamação.
O presidente Alejandro Giammattei estigmatiza frequentemente a imprensa. "Sabe de uma coisa, vá ao tribunal, pare de mentir", ele disse a um repórter da Guatevisión que lhe pediu informações sobre uma investigação sobre corrupção na qual ele havia sido acusado.
Há uma instrução não escrita aos ministérios, unidades descentralizadas e outros órgãos do governo para não conceder pauta publicitária a nenhum meio de comunicação que critique o governo ou o presidente Giammattei.
O Judiciário e o Legislativo também atacam a imprensa.
O juiz Edgar Aníbal Arteaga López, de Puerto Barrios, Izabal, ordenou a prisão do jornalista Carlos Choc, do Prensa Comunitaria, acusando-o de ter participado de ataques contra policiais em uma manifestação contra uma mina localizada naquela área do país.
O juiz de Maior Risco "D" (substituto), Edwin Ramírez, proibiu a entrada de três jornalistas para uma audiência de primeiras declarações no caso "Rancho Bejuco" referente a um massacre pelo qual ex-patrulheiros civis foram responsabilizados. O juiz citou regulamentações relacionadas à pandemia e alertou sobre possíveis ações legais se ele "percebesse" que as publicações sobre a audiência "não estavam de acordo com o que ele resolvesse" ou com o que ele acreditasse ter acontecido no processo do caso.
No departamento de Quetzaltenango, foram relatadas agressões contra jornalistas por funcionários municipais que tentavam evitar "notícias negativas". Enquanto os jornalistas cobriam um problema relacionado ao lixão municipal, exigiram que eles cobrissem "notícias positivas".
Em 8 de março, o Congresso aprovou a "Lei para a Proteção da Vida e da Família", iniciativa 5272. A lei criminaliza a educação sexual se ela "não coincide ou é incompatível com os aspectos biológicos e genéticos do ser humano".
Embora a lei tenha sido arquivada mais tarde a pedido do presidente Giammattei, os esforços para silenciar a imprensa continuam e outros decretos aguardam aprovação. Um exemplo é o Projeto de Lei 5940 "Lei para a Proteção Integral de Crianças e Adolescentes contra Distúrbios de Identidade de Gênero". Ele proíbe a mídia de divulgar qualquer informação ou conteúdo relacionado à identidade de gênero, em clara violação das disposições da Constituição sobre liberdade de expressão.
Recentemente, o jornalista Juan Luis Font, relatou em seu Twitter que estava deixando o país devido a "falsas alegações" contra ele, esclarecendo que não estava sujeito a nenhum processo legal que o impedisse de fazê-lo. Font havia sido mencionado em declarações feitas por acusados nos casos de corrupção envolvendo os ex-ministros Sinibaldi e Archila. Embora tenha sido chamado a depor no final de 2021, ele não foi indiciado. Entretanto, o medo é que o Ministério Público tenha "sob reserva" estes casos, de modo que não se possa saber se haverá um mandado de prisão emitido contra ele.
Por outro lado, o Ministério Público iniciou uma investigação sobre uma matéria publicada pelo jornal Prensa Libre em 4 de abril, na qual denunciava o medo de muitos juízes independentes de realizar seu trabalho por falta de apoio e segurança. O que é surpreendente é que a promotora assistente pediu à jornalista que escreveu a matéria que revelasse suas fontes de informação, em violação aos princípios de proteção de fontes confidenciais.