O país continua sendo o menos seguro e o mais perigoso e frágil para o exercício da liberdade de imprensa.
O assassinato de três jornalistas, o sequestro de outro, e o assédio e a intimidação a repórteres de diferentes meios independentes caracterizam, de maneira sombria, uma imprensa constantemente ameaçada.
Em 23 de fevereiro, o fotojornalista Maxihen Lazarre, do grupo de meios digitais Rois de infos, foi morto enquanto cobria um protesto de trabalhadores têxteis que exigiam melhores salários. Segundo testemunhas, policiais que passavam em um veículo dispararam contra os manifestantes. Outros dois jornalistas ficaram feridos: Yves Moïse, da Radio RCH 2000, e Sony Laurore, da Laurore News TV.
Os jornalistas Wilguens Louissaint e Amady John Wesley foram mortos a tiros em 6 de janeiro durante uma emboscada armada por uma das muitas gangues de civis armados que atuam em Laboule 12, bairro da periferia. Louissaint trabalhava para vários meios locais, e Wesley para a Radio Ecoute FM, emissora com sede no Canadá. O outro jornalista que estava com eles, William Vil, sobreviveu, mas continua escondido.
Meses atrás, o jornalista Davidson Smith, da Haití Press Info, foi ferido por balas disparadas pela polícia quando fazia a cobertura de um protesto nas imediações do Palácio Nacional, em Porto Príncipe.
Outros dois jornalistas, Meus Jeanril, da Telepam, e Alvares Destine, da Actualites locales TV, haviam sido baleados em uma manifestação anterior no mesmo lugar. Depois desse incidente, uma equipe de repórteres da Radio Tele Pacífic foi atacada com gás lacrimogêneo, e um jornalista foi ferido por estilhaços.
O primeiro-ministro, Ariel Henry, que assumiu o poder depois do assassinato do presidente Jovenel Moise, em julho de 2021, prometeu investigar a morte dos repórteres, diante das reclamações de organizações internacionais.
Esses assassinatos se somam aos de mais de seis jornalistas mortos desde 2020. Nenhum culpado foi ainda identificado, e as investigações oficiais estão paralisadas.