Durante este período, o assédio judicial continuou sendo a principal ameaça à liberdade de imprensa.
O radiojornalista Ronald Acosta Flores foi processado por calúnia e difamação pelo deputado Benicio Robinson. Emitiu-se mandado de apreensão judicial de bens por US$ 121.000, como resultado de comentários que ele fez no seu programa "Proyección Social", transmitido pela rádio 95.7 na província de Chiriquí. O tribunal competente ordenou à prefeitura de Boquete, Chiriquí, que retivesse emolumentos de um contrato de serviços profissionais por US$600 por mês com a Acosta.
O portal Foco foi alvo de ação penal por calúnia e difamação 26 vezes desde 2019. A maioria desses casos foi arquivada provisória ou definitivamente pelo Ministério Público (MP), com exceção de seis. O Foco enfrenta pedidos de indenização de US$ 510.000, como parte de uma ação civil por calúnia e calúnia. O caso mais controverso é uma ação por "violência de gênero" movida pela deputada Zulay Rodríguez contra o jornalista Mauricio Valenzuela. Inicialmente, foram ordenadas medidas protetivas a favor da deputada, mas depois o Ministério Público solicitou que o caso fosse encerrado e que o jornalista fosse demitido.
Continuam pendentes 12 ações civis contra a Corporación La Prensa (Corprensa) por supostos danos e calúnia no valor de US$ 44.574.000, sendo que a mais antiga data de 2006. Uma ação civil por supostos danos movida pelo ex-presidente Ernesto Pérez Balladares em 2012 aguarda decisão de primeira instância. Por causa dessa ação, congelaram suas contas bancárias e ativos no valor de US$ 1,13 milhão. Todos os outros casos de ações penais recentes por calúnia e injúria foram arquivados provisória ou definitivamente, com exceção de cinco casos anteriores a 2010.
Na esfera civil, a lei permite que o autor de uma ação de reparação de danos consiga o congelamentos do patrimônio do meio de comunicação ou que seja retirado de sua administração, mesmo que não tenha sido emitida decisão a seu favor.
Em diferentes fóruns e reuniões com membros do poder Judiciário, expressou-se a necessidade de eliminar o crime de calúnia e difamação e estabelecer limites para os valores reivindicados em ações civis, proibir o confisco de bens e permitir que a ação prescreva após um período específico, caso não tenha avançado na justiça.
O procurador-geral da Nação propôs uma reforma legal do Código Penal que oferece proteção especial para matérias de interesse público ou sobre atos de ex-funcionários durante o exercício de suas funções. Ela incorpora a figura da actual malice como uma exigência probatória para o crime de calúnia e injúria. A mídia considerou a reforma como um avanço, embora insuficiente para conter o assédio judicial.
Outros incidentes importantes neste período:
A Autoridade Nacional para Transparência e Acesso à Informação (ANTAI) multou o portal laverdadpanama.com e a jornalista Amanda Alvarado por suposta violação de uma nova lei de proteção de dados. Mais tarde, a multa foi reavaliada e suspensa. A interpretação dada pela ANTAI poderia implicar que uma matéria sobre um assunto de interesse público, sustentada por documentação oficial ou pública, poderia estar sujeita a uma ação judicial movida pela parte afetada por violação da lei de proteção de dados.
Como resultado, a Ordem dos Advogados e a Associação Nacional de Jornalistas, com o apoio do Conselho Nacional de Jornalismo (CNP), prepararam um projeto de reforma para estabelecer proteções para a prática do jornalismo e o uso de dados em documentos públicos, de interesse público ou de domínio público. A reforma foi apresentada à Assembléia Nacional como uma iniciativa dos cidadãos em 10 de outubro.
O jornalista da Televisora Nacional (TVN) Isaías Cedeño foi alvo de ataques homofóbicos e denegridores por meio de vídeos em redes sociais depois de postar no Twitter uma crítica ao presidente Laurentino Cortizo.
O vice-presidente da República, Gabriel Carrizo, apareceu em um vídeo no WhatsApp zombando das perguntas "estúpidas" do jornalista Rolando Rodríguez, do La Prensa. No final da mensagem, ele perguntou "Como estão os mellos?", numa clara referência aos filhos gêmeos do jornalista. Dois dias depois, 11 inspetores do Ministério do Trabalho foram à sede do La Prensa. Mais tarde, o Ministério Público emitiu um comunicado afirmando que haviam sido inspeções de rotina para o Dia Mundial do Trabalho Decente. Os inspetores também foram aos escritórios do Grupo Editorial El Siglo e La Estrella.
Vários veículos de comunicação denunciaram a distribuição injusta da publicidade oficial pelo governo e por várias instituições autônomas.
Após mais de cinco anos de investigação, terminou em 5 de julho a audiência preliminar no caso New Business sobre os novos proprietários e a aquisição do grupo EPASA, que publica os jornais Panamá América e La Crítica. O tribunal convocou 20 pessoas para julgamento e marcou uma audiência preliminar para o ex-presidente Ricardo Martinelli para 31 de outubro. Deve-se notar que a editora não faz parte do caso.