COLÔMBIA
Os altos índices de violência política e social por que passa a Colômbia, continuam afetando, direta ou indiretamente, aqueles que trabalham nos meios de comunicação.
No último semestre, foram assassinadas oito pessoas vinculadas à imprensa. A grande maioria destas mortes continua sem esclarecimento e, na metade dos casos, não foi possível estabelecer que esses assassinatos tenham sido realizados por motivo da profissão, ou sej a, por motivos vinculados
diretamente ao exercício do jornalismo.
Nesse mesmo período, nove jornalistas foram seqüestrados e depois liberados pela guerrilha, em seu persistente esforço de pressionar a imprensa.
Vale a pena destacar, como fator positivo, a decisão do Tribunal Constitucional de anular a chamada Lei do Jornalista, que estava em vigor desde 1975 e limitava o exercício da profissão àqueles que tivessem um diploma universitário em comunicação.
São os seguintes os principais fatos registrados, em ordem cronológica, desde a última assembléia, realzada em Porto Rico:
15 de março - O jornalista José Abel Salazar Serna, que fazia programas culturais para a cadeia de rádio Todelar, apareceu degolado em seu apartamento na cidade de Manizales. Salazar também trabalhava para o governo do estado. As autoridades policiais descartaram, temporariamente, que sua morte
esteja vinculada com o exercício da profissão. Até agora continuam sem esclarecimentos os motivos do crime.
18 de março - Ao considerar que atentava contra a liberdade de informar e ser informado, o Tribunal Constitucional, por unanimidade, declarou inconstitucional a lei que condicionava o exercício profissional do jornalismo àqueles que tivessem título universitário em comunicação e uma carteira
profissional expedida pelo ministério da Educação. A lei estava em vigor desde 1975 e tinha sido defendida pelos sindicatos de jornalistas e pelas faculdades de comunicação.
27 de março - Por incorrer supostamente em delito de injúria, a promotoria determinou a prisão e penhor de bens do diretor do extinto jornal La Prensa, Juan Carlos Pastrana. Os fatos estão relacionados com afirmações do jornal, em 1995, que vinculavam um senador ao narcotráfico.
2 de abril - O Supremo Tribunal de Justiça confirmou sentença de 16 anos de prisão contra Luis Carlos Molina Yepes pelo assassinato do diretor do EI Espectador, Guillermo Cano, ocorrido em 17 de dezembro de 1986. Molina foi subtenente do falecido chefe do Cartel de Medellín, Pablo Escobar.
4 de abril - Nove repórteres e cinegrafistas de diferentes meios foram seqüestrados em Madalena Medio por um comando guerrilheiro do ELN. Dois dias depois, três jornalistas que procuravam seus colegas foram seqüestrados na mesma área, mas desta vez por um grupo paramilitar, que destruiu seus
equipamentos e depois os deixou prosseguir. Os jornalistas em poder da guerrilha foram liberados vários dias depois, com um comunicado para a opinião pública.
17 de abril- O jornalista e professor Nestor Carvajal foi assassinado com dez tiros quando saía da escola onde trabalhava como professor, na localidade de Pitalito, no sul do país. Carvajal dirigia um noticiário na emissora Radio Sur de Pitalito, onde fez denúncias sobre a corrupção administrativa. Ainda que, quinze dias mais tarde, o suposto autor material da morte de Carvajal fosse capturado, o crime e sua autoria intelectual continuam sem esclarecimento.
19 de maio - Barnabé Cortés, jornalista de assuntos jurídicos, foi assassinado com duas balas na cidade de Cali, onde trabalhava para o noticiário regional "CVN". O prefeito de Cali ofereceu cinqüenta mil dólares de recompensa por qualquer informação sobre este crime, que até o momento permanece
sem punição.
18 de junho - Uma maleta carregada com quatro quilos de dinamite foi localizada no pátio da sede do EI Tiempo em Medellín. A ação terrorista foi frustrada pelos encarregados da segurança que conseguiram alertar a Unidade Antiexplosivos da polícia antes que o artefato explodisse.
20 de junho - O Supremo Tribunal de Justiça esclareceu o alcance de disposições legais sobre reserva de sumários e declarou que todo expediente é público na etapa do processo e que os jornalistas podem tomar conhecimento inclusive de processos que sejam impugnados por ações penais. Em uma
decisão que defende a liberdade de informação, o Tribunal somente excetuou os documentos que atentem contra a intimidade, o pudor sexual ou a segurança do Estado.
11 de agosto - A jornalista Amparo Jiménez Bailares foi assassinada por pistoleiros quando voltava para casa, depois de deixar sua filha no colégio, na cidade de Valledupar. Jiménez, uma destacada repórter de televisão, estava trabalhando no programa do Mandato por la Paz. Nas semanas seguintes,
foram capturados os irmãos Libardo e Wilson Prada como os supostos autores materiais do homicídio.
O promotor do caso disse que os autores intelectuais pertenciam a "grupos armados marginalizados". Até o momento estes não foram identificados.
28 de agosto - O jornalista de esportes Nelson Osorio Patino foi assassinado com cinco disparos em uma área a oeste de Bogotá. As autoridades descartam qualquer relação desse assassinato com o exercício da profissão, pois Osorio Patino tinha vínculos financeiros com um conhecido chefão das drogas,
atualmente preso. Nenhum parente de Osorio quis falar sobre o crime.
12 de setembro - O jornalista Nestor Villar Jiménez foi assassinado na cidade de Villavicencio por dois homens que estavam em uma motocicleta. Villar ultimamente dedicava-se à atividade política nessa região do país.
Outubro - O projeto de reforma tributária apresentado ao Congresso pelo novo governo de Andrés
Pastrana, inclui um imposto de 15% sobre publicidade na imprensa, rádio e televisão. O projeto está sendo discutido atualmente no Congresso.
15 de outubro - Em menos de 24 horas, foram assassinados dois jornalistas: Saúl Alcaraz em Medellín e José Arturo Guapacha em Cartago. Este último era diretor do semanário El Panorama dessa cidade. Saúl era jornalista do Instituto Mi Río e trabalhava em um programa de reintegração de bandos de delinqüentes juvenis e militantes da guerrilha urbana em Medellín.
21 de outubro - O Ministério de Comunicações penalizou a emissora Caracol Radio com três dias fora de ar por violações à Lei Eleitoral por parte de um de seus locutores. Esta sanção é uma das mais radicais impostas a uma rádio colombiana. O Ministério das Comunicações deverá definir, nos próximos
dias, se ratifica ou não a sanção.
Madrid, Espanha