O clima para o exercício do jornalismo continua sendo negativo e inclui ameaças contra jornalistas, ataques aos meios de comunicação e a impunidade que acompanha os crimes contra jornalistas.
Apesar de suas promessas reiteradas de considerar e resolver a onda criminosa contra as liberdades de imprensa e expressão, o governo nacional fez muito poucos esforços para dedicar os recursos técnicos, científicos, econômicos e legais que visam prevenir, investigar, punir e erradicar os crimes contra jornalistas, líderes de opinião pública ou meios de comunicação.
Em declarações dadas recentemente aos meios de comunicação, a Coordenadora dos Procuradores Gerais do Ministério Público, a advogada Danelia Ferrera, assinalou que para a investigação dos assassinatos de jornalistas só conta com três policiais e um procurador.
O Comissário Nacional de Direitos Humanos em Honduras destacou em seus relatórios que a persistência da impunidade no país gera um sentimento de impotência e frustração no povo hondurenho.
O governo, além de não dar respostas às agressões contra a liberdade de expressão no país, também insinuou em várias ocasiões, por meio do presidente Porfirio Lobo Sosa, a possibilidade de criar uma lei que regule a atividade dos meios de comunicação. Em 25 de janeiro declarou: A imprensa não é para benefício pessoal de ninguém. Em nome da liberdade de expressão ninguém pode defender seus interesses particulares. É um apostolado e vocês devem vigiar para que a prática seja essa. Qualquer influência ou interesse particular coloca as manifestações a serviço dos interesses particulares e isso não pode acontecer.
Lobo disse que enviaria uma iniciativa para regulamentar o exercício profissional dos comunicadores hondurenhos: Preparem-se, porque vou enviar-lhes um documento e sempre aviso que o estou enviando. Até agora esta proposta de lei ainda não foi enviada ao Congresso.
A seguir os casos mais relevantes deste período:
Em 9 de novembro de 2011, registraram-se atos de intimidação contra um filho do jornalista Renato Álvarez, alvo de um assalto por três homens que desceram de um veículo estacionado em frente à sua casa e que, de pistola na mão, apontaram para sua cabeça e roubaram sua mochila e o celular.
Em 17 de novembro de 2011, o jornalista Francisco Hernández, que coordena o noticiário Comentários da Tarde na Radio Globo e Globo TV, denunciou ter recebido uma série de chamadas e em seguida uma mensagem onde diziam Responda filho da p
porque senão vamos agora mesmo dar uma surra na tua família toda, vamos acabar com você. O jornalista solicitou ao Ministério Público que investigue a origem das ameaças.
Em novembro, os editores e jornalistas do diário El Heraldo receberam em várias ocasiões ameaças e mensagens de intimidação, que começaram logo após as denúncias contra a polícia e questionamentos sobre a compra de energia térmica. De acordo com a denúncia, recebem em seus celulares mensagens ofensivas e aviltantes, além de intimidações contra os repórteres que andam nas ruas. A situação se acentuou em 21 de novembro, quando um veículo da marca Kia Sorento seguiu um dos editores. Uma pessoa vestida de policial dirigia o veículo.
Jornalistas do diário La Tribuna denunciaram ameaças semelhantes, tendo em diversas ocasiões em novembro sido objeto de monitoramento policial e perseguição. Em 20 de novembro, um de seus jornalistas recebeu dois tiros no trajeto para a sua casa. Um dos fotógrafos do diário foi ameaçado por um membro da Polícia Nacional em uma sala do tribunal de Justiça Penal de Francisco Morazán. Enquanto tirava fotos, o ameaçou, dizendo: lembre-se de que estou livre, se você tirar a foto, te pego amanhã
.
Em 5 de dezembro, o diário La Tribuna foi objeto de um atentado em que um de seus guardas de segurança ficou ferido ao receber vários disparos.
Em 29 de fevereiro, houve a denúncia de que três jornalistas da Catedral TV (Luis Rodríguez, Javier Villalobos e Juan Ramón Flores) tinham recebido ameaças por telefone e mensagens de texto em celulares.
Em 23 de fevereiro, o jornalista Ivis Alvarado (Globo TV e Radio Globo) denunciou o roubo do registro do seu veículo, o roubo dos seus computadores e outras ameaças que o fazem temer pela segurança da sua família.
Em 8 de março, a jornalista Mavis Cruz (Radio Liberdade) denunciou ser vítima de ameaças, assim como seu marido, o jornalista Carlos Rodriguez Panting (Noticiário En La Mira, Maya TV).
Neste período ocorreram também três assassinatos de jornalistas, embora esteja descartado que estes casos estivessem relacionados às suas atividades profissionais.
Em 6 de dizembro, foi assassinada com diversos tiros a jornalista Luz Marina Paz (Cadena Hondureña de Noticias), na cidade de Tegucigalpa, Francisco Morazán.
Em 1º de março, foi encontrada assassinada com vários disparos na cidade de Choloma, junto com outras pessoas, a jornalista Saira Fabiola Almendares Borjas (Canal 30 e Radio Cadena Voces).
Em 11 de março de 2012, com várias facadas, foi assassinado em Saba, Departamento de Colon, o jornalista Fausto Elio Valle Hernández Arteaga (Radio Alegre).
Madrid, Espanha