Peru

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Neste período, manteve-se o clima de intolerância e de ameaças à imprensa. Foi motivo de alarme, a partir de novembro, o aumento dos atos de violência e denúncias de ameaças de morte contra jornalistas em todo o país. No início do mês, quatro desconhecidos tentaram sequestrar, dispararam e feriram seriamente o correspondente do jornal La Republica, Feliciano Gutiérrez, perto da sua casa, em Juliaca, departamento de Puno, ao sul do país. De acordo com as informações recebidas, o atentado tem relação com a prisão de membros da Polícia Nacional do Peru (PNP) como decorrência das matérias nos jornais denunciando que policiais extorquiam contrabandistas e traficantes que atuam nessa região de fronteira entre o Peru e a Bolívia. Outra denúncia foi feita por Hugo Sucacahua, correspondente da Panamericana Televisión em Puno, que afirmou ter recebido telefonemas anônimos advertindo-o a parar de publicar informações relacionadas ao ataque ao correspondente no qual roubaram também seu dinheiro, celulares e uma câmera. Em outros casos de violência policial contra a imprensa, em 30 de novembro, Gino Márquez, diretor adjunto do jornal El Sol de los Andes, na cidade de Huancayo, do departamento de Junín, denunciou que um grupo de cerca de 15 pessoas, reconhecidas como familiares de membros da PNP entraram nas instalações do jornal e causaram sérios danos, em represália pela divulgação das investigações jornalísticas que os vinculavam ao assassinato de vários taxistas. Em dezembro, o jornalista Oscar Rodríguez, responsável por aquela investigação, informou que dois membros da PNP, Santy Daniel Hidalgo Traverso e Tessy Perales Córdova, moveram ação contra ele por difamação na 6ª Vara do Tribunal Superior de Justiça de Junín, apesar de terem sido os dois denunciados criminalmente por irregularidades cometidas no exercício das suas funções. Rodríguez também foi assaltado em 7 de fevereiro por dois desconhecidos que roubaram seus documentos e seu celular quando ele estava em uma parada de ônibus. Em 2 de dezembro, Pedro Reyes e Romario Reyes, jornalistas do Canal 39 denunciaram que foram agredidos sem motivo aparente por membros da PNP quando cobriam uma violenta manifestação de protesto pela ampliação de uma penitenciária em Cañete ao sul do departamento de Lima. Quando notaram que o jornalista Américo Huamán, da TV Peru, Canal 7, gravava a agressão, os policiais também o atacaram e tentaram roubar sua filmadora. Entre as muitas agressões e atentados contra jornalistas e meios, vinculados às autoridades regionais, provinciais e distritais, merece atenção especial a denúncia de Líder Luis Tamani, diretor de imprensa da Radio Nauta, da cidade de Iquitos, departamento de Loreto, que em 28 de janeiro pediu garantias pessoais para ele e sua equipe junto à prefeitura de Maynas, depois que a explosão de uma bomba molotov destruiu as instalações da emissora. Continuam também as denúncias de diversos setores da imprensa sobre tentativas de ameaçar a mídia com processos judiciais. Em novembro de 2011, César Lévano, diretor do jornal de circulação nacional, La Primera, denunciou que havia recebido recentemente quatro intimações do Poder Judiciário por ações judiciais movidas contra ele e que podem resultar no fechamento do jornal. Em 17 de abril, os jornalistas Juan Carlos Tafur e Roberto More não assistiram à leitura da sentença emitida pelo juiz da 12ª Vara Criminal de Lima, José Ronaldo Chávez Hernández, no caso da ação movida pelo general Antonio Ketín Vidal. Tratava-se de ação pela publicação de uma matéria que o vinculava à família Sánchez Paredes. Há duas iniciativas que poderiam representar restrições sérias à liberdade de imprensa e ao direito a receber informações. Um projeto de lei propõe modificar o artigo 162 do Código Penal sobre a interceptação ilegal de comunicações privadas. Foi aprovado pela maioria no Congresso em dezembro de 2011 e questionado devido a falhas legais na sua redação pelo presidente da República, Ollanta Humala Tasso, em fevereiro de 2012. A Comissão de Justiça e Direitos Humanos do Congresso insiste na versão original, apesar das críticas de diversos setores, inclusive o Executivo. Em março, o ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Paredes Rodríguez, e o vice-ministro de Comunicações, Raúl Ricardo Pérez Reyes Espejo, anunciaram que não tinha procedência uma iniciativa para modificar o texto da Lei de Rádio e Televisão de 2005. Quanto à impunidade nos crimes contra jornalistas, causou consternação, em 18 de abril, nos meios judiciais e jornalísticos, o assassinato do jovem promotor da Corte Superior de Casma, no departamento de Ancash, Luis Junior Sánchez Colona, de 31 anos, que iria apresentar o relatório das suas investigações sobre as denúncias que o apontavam como possível autor intelectual do assassinato do jornalista Pedro Flores Silva, ao prefeito do distrito de Comandante Noel, Víctor Rivero. O promotor foi assassinado próximo à sua casa, em Santa Rosa, distrito de Nuevo Chimbote, no departamento de Ancash, por pistoleiros que dispararam seis vezes contra sua cabeça e seu corpo e fugiram de moto, de acordo com informações do diretor da Divisão Policial de Chimbote, Coronel Walter Olivos. Aguarda-se a sentença no terceiro julgamento do ex-prefeito da província de Coronel Portillo, Luis Valdez Villacorta, e do ex-magistrado Solio Ramírez, pelo assassinato do jornalista de rádio, Alberto Rivera Fernández. Nas audiências realizadas em março, a defesa dos familiares do jornalista e dos acusados apresentou seus argumentos nesse caso emblemático. A Promotoria, por sua vez, pediu 20 anos de prisão para Valdez Villacorta. Outros fatos importantes neste período foram: Em 30 de outubro, Mayra Azan, repórter da Radio Arpegio, e Henry Sánchez, cinegrafista do Canal 35, na região de Loreto, denunciaram que foram agredidos por Andrés Salas Del Águila, assistente de Protocolo do Governo Regional de Loreto, quando faziam filmagens perto do vice-presidente regional, Luiz Lozano, durante um baile popular organizado pela família de Salas e no qual se utilizava bens de propriedade do governo. Em 6 de dezembro, Armando Huamán Tasayco, jornalista do Canal 33 e da Radio Nova, na província de Chincha, região Ica, denunciou que foi agredido violentamente pelo motorista e um acompanhante do prefeito distrital de El Carmen, José Alberto Soria Calderón, e que seus objetos pessoais foram roubados. Em 9 de dezembro, Iván Julca Mendoza, diretor do El Especial, de Ancash, e do programa Ancash Opina, transmitido pela Radio Melodía, na província de Huaraz, região Ancash, denunciou que foi agredido na municipalidade distrital de Independencia por sete pessoas, entre elas os vereadores Héctor Pineda Torres e Isidro Reyes Díaz. O jornalista atribuiu a agressão às suas investigações sobre os supostos vínculos de corrupção entre esses vereadores e alguns empresários que se beneficiariam de um contrato público. Em 10 de janeiro, Carlos Monja Timaná, apresentador do programa “El Investigador”, transmitido pela Radio Limón, na província de Lambayeque, denunciou que foi agredido por dois desconhecidos em plena luz do dia. Em 25 de janeiro, Moisés Campos, diretor e apresentador do programa semanal “Noticias TV”, na província de Tocache, região de San Martín, denunciou que foi ameaçado de morte em um panfleto colocado sob a porta da sua casa. O jornalista atribuiu a ameaça às suas investigações sobre o prefeito. Em 26 de janeiro, Rosario Romaní, Esther Valenzuela e Gudelia Machaca, jornalistas do jornal La Calle, e da emissora de rádio Estación Wari, na província de Huamanga, região de Ayacucho, denunciaram ser vítimas de uma campanha de difamação, assédio e ameaças, como consequência da divulgação das suas investigações sobre o presidente regional Wilfredo Oscorima. Em 27 de janeiro, Eduardo García, chefe da unidade de investigação do Canal ATV+, na província de Lima, denunciou que sua equipe de jornalistas tem sido vítima de ameaças, assédio e perseguição, depois que se divulgou um documento da inteligência que envolveria um empresário a um ex-coronel da polícia e a um deputado no controvertido caso de escuta telefônica da ex-candidata à prefeitura de Lima, Lourdes Flores Nano. Em 3 de fevereiro, Carlos Infante, diretor da revista Con Sentido, na província de Huamanga, região Ayacucho, denunciou que está sendo investigado pela Departamento Nacional contra o Terrorismo (DINCOTE) depois da divulgação de uma entrevista ao terrorista do Sendero Luminoso, Osman Moroto, preso por esses crimes desde 1988. Cecilia Rosales do El Comercio foi discriminada pelo presidente Ollanta Humala, entre outros meios do estado (El Peruano e Canal 7) e os guarda-costas do presidente retiraram o jornalista do local diante da insistência das suas perguntas.

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