Relatório apresentado por Robert Cox
Relatório apresentado por Robert Cox, presidente da
Sociedade Interamericana de Imprensa
na Reunião de Meio de Ano da SIP
Casa de Campo, República Dominicana
18 de março de 2002
A essência de nosso trabalho, a defesa da liberdade de imprensa, continua sendo nosso objetivo principal. Temos tido bons avanços para a obtenção dessa meta, mas ainda há jornalistas que continuam pagando um alto preço para defender esta liberdade. Em meses recentes, mais oito jornalistas foram assassinados no cumprimento de sua profissão. Gostaria que centralizássemos nossa atenção muito especialmente no assassinato de Daniel Pearl, correspondente principal do The Wall Street Journal, no sul da Ásia, que foi seqüestrado e depois assassinado. Seu nome faz parte da lista de heróis da liberdade de imprensa que inclui: Orlando Sierra Hernández e Alvaro Alonso Escobar, da Colômbia; Félix Fernández García, do México e Brignor Lindor, do Haiti. Gostaria de pedir um minuto de silêncio em memória destes jornalistas.
Obtivemos, entretanto, uma vitória em nossa incessante batalha contra a impunidade com a abertura, na Guatemala, do caso de Irma Flaquer e o reconhecimento do governo de sua responsabilidade no processo.
Em janeiro passado, fomos à Bolívia, onde o presidente Jorge Quiroga e o presidente peruano Alejandro Toledo, que estava em visita oficial ao país, assinaram em conjunto a Declaração de Chapultepec, com a participação de mais de 1.200 pessoas. Acolhemos com satisfação as palavras do presidente Quiroga, quando anunciou oficialmente que garantiria que as reformas constitucionais respeitarão o direito público à informação e outras medidas essenciais para a proteção da liberdade de imprensa.
Em Caracas observamos uma situação diferente quando chegamos ali em fevereiro, dando seguimento ao nosso tour por foros que fazem parte da Declaração de Chapultepec. Encontramos a imprensa e os jornalistas sob ataque. Fomos testemunhas de ameaças e agressões contra os serviços da imprensa. Observamos que os legisladores que apóiam Chávez desejam aplicar leis e mecanismos para controlar a imprensa, inclusive uma perigosa lei sobre o conteúdo das notícias. Nossa agenda em Caracas foi bastante extensa e a maioria dos jornalistas a quem entrevistamos disseram que haviam recebido ameaças, tinham sido submetidos a abusos físicos, verbais e a outras técnicas de intimidação por parte de membros do Círculo Bolivariano que disseminam e apóaim as idéias do presidente Chávez, o qual constantemente desacredita a imprensa em seus comunicados públicos na rádio e outros meios de difusão. Nosso foro culminou com resultados negativos e a comprovação de que nenhum dos dez princípios da Declaração de Chapultepec é respeitado na Venezuela. Apesar de o presidente Chávez ter se negado a se reunir com nossa delegação, o declaramos responsável pela ausência de liberdade de imprensa em seu país.
A agenda da SIP é firme e continuamos progredindo. Estamos utilizando a Declaração de Chapultepec como a arma principal contra os ataques à imprensa. Para os próximos meses organizamos uam conferência hemisférica em Washington, D.C., onde reuniremos juízes e jornalistas para debater o tema da liberdade de imprensa.
Nosso trabalho principal, entretanto, realizado em nossa sede em Miami, encontra-se em constante evolução. Agradecemos o contínuo apoio das fundações McCormick y Knight, firmes em seu respaldo a nossos projetos mais importantes. Estou muito agradecido a todos nossos membros que têm me acompanhado nas diferentes missões. Nos movimentamos por todo o hemisfério e nossa missão e trabalho chegam onde seja necessário defender os princípios básicos da liberdade de imprensa.
Uma vez mais, muito obrigado por seu apoio. Estou convencido de que podemos exercer uma função vital em defesa da liberdade de imprensa.