Conclusões

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A liberdade de imprensa no hemisfério deteriorou-se nos últimos seis meses à medida que os inimigos violentos de longa data da livre expressão reclamaram novas vítimas jornalistas e que governos populistas, seguindo a liderança do presidente venezuelano, intensificaram suas campanhas de abuso e ridicularização de organizações noticiosas e de jornalistas. Some-se a isso a crise do setor de jornais nos Estados Unidos, que ameaça afetar seriamente seu papel crucial de “cão de guarda” contra a corrupção pública e privada. Desde a reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa, em Madri, seis jornalistas nas Américas foram assassinados em seis meses aparentemente por causa de seu trabalho. Um jornalista foi morto na Venezuela e outro no Paraguai. Mas o México continua sendo um dos lugares mais perigosos para os jornalistas, onde ocorreram quatro assassinatos de jornalistas e oito ataques sérios contra jornalistas ou seus locais de trabalho. Até mesmo caminhões de entrega de jornais foram alvos do crime organizado, que busca calar a imprensa. Infelizmente, eles estão conseguindo: a autocensura é uma realidade na imprensa mexicana. Uma iniciativa da SIP de fazer com que os crimes contra a liberdade de expressão sejam uma ofensa federal fracassou no início de março na Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, crimes sem punição, tais como o assassinato, há quatro anos, de Alfredo Jimenez Mota, jornalista do jornal El Imparcial em Sonora, são um testemunho da impunidade. Durante sua Reunião de Meio de Ano, a SIP apresentou o caso de Jimenez Mota à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o 24° caso que foi apresentado a este órgão. Um ponto positivo entre tantas notícias sombrias sobre violência é que a Colômbia, um dos países mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo, não registrou, mais uma vez, nem um único assassinato de jornalista. Mais governos estão fazendo mais que simplesmente ignorar abusos contra a imprensa, estão atiçando ativamente as chamas do ódio. Na Venezuela, o presidente Chávez continuou seu trabalho incansável de humilhação oficial da imprensa. Esta retórica tem consequências concretas, como se pode observar nos violentos ataques contra jornalistas da Globovisión em outubro e a explosão de bombas de gás lacrimogêneo nos escritórios do jornal El Nuevo Pais, ambos por parte do grupo La Piedrita, que conta com a aprovação do governo. Chávez ou seus simpatizantes qualificaram temerariamente dois diretores de jornais como conspiradores de assassinatos e até mesmo de “alvos militares”. Essa tática foi entusiasticamente imitada por outros chefes de estado no hemisfério, inclusive por Evo Morales, na Bolívia; Rafael Correa, no Equador; Daniel Ortega, na Nicarágua; Manuel Zelaya, em Honduras; Alvaro Uribe, na Colômbia; Oscar Arias, em Costa Rica; Alvaro Colom, na Guatemala, Lula da Silva, no Brasil, e pelo governo Kirchner na Argentina. O exemplo mais extremo talvez seja o Uruguai, cujo governo chamou os jornalistas de “vermes”, “palhaços”, e “filhos da puta”. Os representantes da SIP relataram haver um clima de “hostilidade” e “tensão” em relação ao jornalismo e resultante das incansáveis campanhas de abuso verbal e ridicularização. O mais decepcionante tem sido a cumplicidade de certas organizações jornalísticas nos ataques contra a imprensa independente dos seus países. A SIP observa que as empresas de rádio e televisão operadas agora por Angel Gonzalez em nove países latino-americanos são grandes infratoras que se aliam aos governos no poder, independentemente da sua orientação política, e aplaudem as suas campanhas contra organizações jornalísticas independentes. São muitos os governos que continuam usando a propaganda oficial como uma forma de punir meios de comunicação independentes e de premiar linhas editoriais a seu favor. As esperanças de que a transferência do poder de Fidel Castro para seu irmão reduzisse a repressão da liberdade de expressão que existe há meio século em Cuba foram repetidamente frustradas nos últimos seis meses. Cerca de 26 jornalistas independentes, vários com saúde precária, permanecem atrás das grades cumprindo sentenças de até 28 anos de prisão. Na realidade, os 86 incidentes de violência registrados contra jornalistas no período representam um aumento do nível de abusos. O entusiasmo em ver mais países adotando leis de liberdade de informação ou mudanças nas suas leis de difamação terminou em decepção quando alguns governos, inclusive os do Panamá e Costa Rica, fizeram muito pouco para abraçar o espírito ou a prática da transparência. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama adotou um novo tom de transparência no seu primeiro dia no poder. Declarou que as agências do governo devem atender a todos os pedidos relacionados à Lei de Liberdade de Informação, a menos que haja clara evidência de que a liberação de informações possa ser prejudicial aos interesses nacionais. A SIP apoia fortemente um clima diverso e de muitas vozes para os meios de comunicação, mas observa com alarme a crescente prática dos governos de criar ou manipular companhias de radiodifusão e publicações para convertê-los em veículos de propaganda. A crise econômica e as mudanças tecnológicas na indústria de jornais nos Estados Unidos custaram os empregos de milhares de jornalistas, e levaram ao fechamento ou falência de vários jornais importantes. A SIP preocupa-se com a situação de enfraquecimento dos jornais, que pode afetar seriamente seu papel histórico como “cão de guarda” do governo e da sociedade.

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