Brasil: SIP se solidariza com a ANJ após críticas de juízes

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Miami (17 de junho de 2016).- A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) expressou sua solidariedade à ANJ, associação de jornais do Brasil, diante da pressão e das críticas da Associação de Magistrados do Brasil por sua decisão de conceder o prêmio anual de Liberdade de Imprensa ao jornal Gazeta do Povo e cinco de seus profissionais.


A ANJ (Associação de Jornais do Brasil) concedeu o prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2016 ao jornal Gazeta do Povo de Curitiba e a cinco de seus profissionais que foram alvo de assédio judicial e contra os quais foram movidas várias ações judiciais por revelarem, nas suas matérias, as remunerações exageradas de membros do Poder Judiciário e do Ministério Público no estado do Paraná.


Com o prêmio, a ANJ destacou o jornalismo de qualidade e a coragem do jornal por abordar assuntos de interesse público, mostrando os privilégios de juízes e membros do Ministério Público do Paraná, trabalho que resultou em 45 ações judiciais individuais contra o jornal, contra jornalistas e profissionais de informática do jornal.


Os juízes, que alegam que sua honra foi atacada, moveram ações judiciais individuais e em diferentes jurisdições, obrigando os profissionais de imprensa a se deslocarem para várias cidades no interior do estado para comparecer às audiências. Os repórteres afetados são: Chico Marés, Euclides Lucas Garcia e Rogerio Waldrigues Galindo; o analista de sistemas Evandro Balmant e o infografista Guilherme Storck.


O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo, apoiou a reação da ANJ, que através do seu presidente, Carlos Lindenberg Neto, censurou as alegações da associação de magistrados e condenou as muitas ações judiciais, que qualificou de "retaliação contra o jornal e seus profissionais".


Paolillo, diretor do semanário Búsqueda do Uruguai, usou como referência a Declaração de Chapultepec e a Declaração dos Princípios sobre Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, nas quais se afirma que nenhum jornalista ou meio de comunicação deve ser sancionado por difundir denúncias contra o poder público, e lembrou que os funcionários públicos estão sujeitos ao escrutínio da sociedade.


A SIP é uma organização sem fins lucrativos que se dedica à defesa e promoção da liberdade de imprensa e expressão nas Américas e possui mais de 1.300 publicações associadas do hemisfério ocidental. Sua sede fica em Miami, Estados Unidos.

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