O país enfrenta uma grave crise institucional causada pela polarização dos diferentes atores políticos. As informações, opiniões e críticas ao governo federal e aos governos regionais são frequentemente respondidas com violência contra os jornalistas.
Apesar de o presidente Jimmy Morales ter se comprometido, em julho de 2016, a dar continuidade ao Programa de Proteção a Jornalistas, nenhuma medida efetiva foi tomada. O presidente ordenou que seus funcionários trabalhassem nesse sentido e também assumiu o compromisso na reunião da SIP realizada em Antígua.
Os ataques a jornalistas continuam, principalmente no interior do país. Vários prefeitos, o crime organizado e o tráfico de drogas instauraram um alto nível de censura devido às perseguições e a todos os tipos de violência.
A Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) acusou o presidente, assim como seu filho e seu irmão, de corrupção. Acusou também, recentemente, o prefeito da Cidade da Guatemala, Alvaro Arzú, de utilizar verbas municipais para pagar propaganda política nas eleições gerais do país e de contratar pessoas próximas a réus famosos que estavam presas por participarem do assassinato do monsenhor Juan Gerardi, em 1998 (Arzú era presidente do país nessa época, e os acusados seus guarda-costas pessoais). O prefeito confirmou ter contratado essas pessoas e declarou que o faria novamente.
Em 27 de agosto, o presidente Morales declarou como persona non grata o comissário da CICIG, Iván Velásquez, e ordenou que saísse imediatamente do país devido às suas denúncias sobre financiamento eleitoral ilícito.
O Tribunal Constitucional ordenou que o presidente suspendesse suas medidas contra Velásquez.
O Congresso introduziu uma mudança no Código Penal que permitiria tomar medidas a favor de todos que tivessem sido condenados a prisão por períodos inferiores a 10 anos. Essa foi uma ação clara para proteger eles mesmos e o presidente Morales e sua família. Se tivesse entrado em vigor, essa medida teria permitido libertar todas as pessoas condenadas por estupros, assédio sexual, roubo, roubo agravado e muitos outros crimes com sentenças de prisão inferiores a 10 anos.
Em reação a isso, milhares de pessoas se reuniram na Praça da Constituição para pedir a renúncia do presidente. Esses eventos polarizaram a sociedade.
No início de outubro houve um protesto contra Velásquez durante o qual vários repórteres foram intimidados e assediados por Rodrigo Polo, blogueiro e tuiteiro que lhes exigia identificação, e eles disseram que fariam uma cobertura imparcial e objetiva. Os jornalistas que sofreram assédio foram: Edwin Bercián, da Publinews; Esbín García, do Prensa Libre; Félix Acajabón, de elPeriódico, e Michelle Mendoza, correspondente da CNN, que apresentou queixa perante a Procuradoria dos Direitos Humanos.
Os ataques provenientes de net centers e contas anônimas de redes sociais contra jornalistas e os ataques cibernéticos a websites de meios de comunicação aumentaram nesse semestre. Foram alvos de ataques alguns jornalistas responsáveis pela cobertura de fontes da presidência e do Congresso, sobretudo os que escrevem editoriais e/ou entrevistas na mídia independente. Os ataques ocorrem quando criticam o partido do governo, o Frente de Convergência Nacional, (FCN-Nación).
Como parte da campanha de desprestígio, realizou-se uma ofensiva feroz contra a Guatevisión e o Prensa Libre, que foram acusados de ser "comunistas" ou "de esquerda". Acusações semelhantes foram feitas contra diretores dos websites Soy502 e Nómada e contra o "Con Criterio", programa de opinião, de rádio.
Além dessa campanha de desprestígio, o canal Guatevisión tem tido seu sinal bloqueado, principalmente nas empresas a cabo do interior do país, quando transmite informações sobre a corrupção. Cabe mencionar que os proprietários de muitas dessas empresas a cabo são precisamente deputados, prefeitos ou pessoas "obscuras".
A agenda de trabalho do presidente não é compartilhada com a mídia independente, apenas com os meios de comunicação considerados como "aliados" do governo, segundo prática da Secretaria de Comunicação Social.
Entre os avanços relacionados às investigações sobre jornalistas assassinados, foram emitidas em maio duas sentenças de condenação contra os responsáveis pelo assassinato de dois jornalistas nos departamentos de Jutiapa e Chiqimula. Infelizmente, não foi possível processar e condenar os mentores dos assassinatos. Mas na segunda semana de outubro foram condenados a 30 anos de prisão os autores materiais do assassinato de Danilo López e Francisco Salazar, mortos em março de 2015. Infelizmente, o processo contra o acusado de ser autor intelectual, um deputado, está parado após um ano de tramitação.