O último semestre começou com violência. Membros do Grupo Montado da Polícia Nacional dispararam contra as instalações do diário ABC Color enquanto perseguiam um grupo de manifestantes em fuga. O portão foi destruído e os fragmentos feriram dois funcionários do diário.
Os manifestantes fugiam da polícia depois de protestarem contra votação a portas fechadas de um grupo de senadores nacionais que pretendiam promover uma reforma constitucional para apoiar a reeleição do Presidente Horacio Cartes.
Após os protestos enérgicos dos cidadãos, Cartes desistiu de sua ideia e em 26 de abril a Câmara dos Deputados rejeitou o projeto de emenda constitucional.
Tudo isso aumentou as tensões entre o governo e a imprensa. Inúmeras denúncias de pressões sobre a mídia levantam questões sobre interferências à liberdade de expressão. Além disso, Cartes responsabiliza a mídia por gerar um clima de tensão social e o vice-presidente do país, John Afara, declarou que recompensaria os proprietários das estações de rádio do interior que transmitissem notícias favoráveis ao governo e ao projeto de emenda constitucional.
Três anos depois do assassinato do correspondente do diário ABC Color Pablo Medina e de sua assistente, Antonia Almada, o início do julgamento público de Vilmar Alves Marques, antigo prefeito de Ypehú, previsto para 16 de outubro, foi adiado pelo juiz Ramón Trinidad Zelaya, presidente do Tribunal de Sentenças. Sob a pressão da imprensa, os outros membros do Tribunal decidiram marcar o início do julgamento para 23 de outubro.
Outros casos neste período:
Pelo menos
22 jornalistas e repórteres fotográficos sofreram agressões físicas durante a cobertura das manifestações em frente ao Congresso Nacional na sexta-feira, 31 de março.
Em abril, jornalistas da rede Argentina Telefé abandonaram a cidade de Pedro Juan Caballero após ameaças de narcotraficantes em chamadas telefônicas, redes sociais e filmes enviados ao correspondente do ABC Color na área, Cándido Figueredo, que ajudava jornalistas estrangeiros a investigarem o tráfico de drogas.
Em maio, o ministro de Obras Públicas e Comunicações, Ramón Jiménez Gaona, anunciou que iria processar o editor do diário ABC Color, Aldo Zuccolillo Moscarda, por "danos morais"
decorrentes de denúncias de irregularidades na construção de um viaduto. O ABC Color concorda com a investigação da Polícia Judicial espanhola sobre a participação do empresário catalão Jordi Pujol Ferrusola em uma trama de corrupção internacional para fraudar contratos públicos com governos de outros países.
Em junho, em Ciudad del Este, o presidente Horacio Cartes acusou os telejornalistas Óscar Acosta e Menchi Barriocanal de "incitar violência" e afirmou que deveriam estar presos pela cobertura que fizeram sobre os episódios relacionados à reeleição.
Em junho, o líder colorado do Alto Paraná, Javier Zacarías Irún, destacou que o diário ABC Color merece um processo judicial pelas suas publicações sobre a tentativa de expropriação de terras do Estado para destiná-las ao Hard Rock Hotel e Casino em Ciudad del Este, quando vieram à luz os bens de Zacarías Irún e de sua mulher, a atual prefeita de Ciudad del Este, Sandra McLeod de Zacarías.
Em julho, Milciades Mailyn (39) foi solto após cumprir 16 dos 25 anos a que foi condenado pelo assassinato do jornalista Salvador Medina (27), em 5 de janeiro de 2001 em uma estrada rural no distrito de Capiibary, do departamento de San Pedro, área do país onde o comunicador, através de seu programa na estação
de rádio Ñemity FM, denunciava as ações do crime organizado. Salvador Medina era irmão de Pablo Medina, correspondente do ABC Color assassinado em 2014.
Em setembro, o senador Víctor Bogado (ANR) apresentou uma queixa contra o editor do jornal ABC Color, Aldo Zuccolillo Moscarda, por difamação, calúnia e injúria, exigindo indenização de G. 5.400 milhões (cinco milhões e quatrocentos mil guaranis), aproximadamente US$ 956.000 (novecentos e cinquenta e seis mil dólares). O senador já havia apresentado uma queixa pelo mesmo motivo no ano passado.
O diário ABC Color publicou investigações sobre crimes econômicos do senador Víctor Bogado e o enriquecimento ilícito de seu suposto testa de ferro, Miguel Angel Carballo, também conhecido como o «Mecânico de Ouro», que é acusado pela Promotoria de cobrança ilegal de salários públicos.
Em outubro, membros do Sindicato de Jornalistas do Paraguai (SPP) e os jornalistas independentes protestaram em frente à sede do Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert) por ameaças feitas pelo seu titular, Justo Pastor Cárdenas, a um jornalista do diário ABC Color, com base em uma investigação sobre o aumento dos bens do funcionário.