A proximidade do ano eleitoral e o aumento das críticas da oposição devido à situação econômica e ao déficit fiscal geraram algum nervosismo no governo com respeito ao seu relacionamento com a mídia. Um exemplo é a ausência do presidente, de seus ministros ou parlamentares nas comemorações dos 100 anos do El País.
Javier Miranda, presidente do partido Frente Amplio, no poder, criticou o jornal El Observador por uma manchete em sua primeira página que dizia: "Quarenta por cento dos domicílios correm o risco de cair na pobreza", relacionada ao estudo "Dinâmica do bem-estar das classes sociais nos últimos anos". O relatório afirma que entre 2004 e 2016 houve uma grande redução da pobreza (de 60% para 21%), mas adverte que muitos que experimentaram a ascensão social encontram-se em situação vulnerável.
Miranda qualificou as informações como "totalmente manipuladas e violadoras dos direitos humanos, contrárias ao artigo 13 da Convenção Americana dos Direitos Humanos que afirma que existe direito à liberdade de expressão sem censura prévia, mas que os destinatários das informações têm o direito de receber informações confiáveis". Trata-se de uma interpretação estranha do artigo 13, que pretende introduzir a ideia de informação veraz.
Em uma reunião do conselho executivo da Confederação Maçônica Interamericana, o presidente Tabaré Vázquez disse que não queria culpar a mídia, mas afirmou que existe uma relação entre a violência e os meios de comunicação, perguntando-se se a mídia seria "causa ou sintoma" da violência.
Em 11 de abril, a Suprema Corte de Justiça declarou inconstitucionais alguns aspectos do artigo 143 da Lei sobre os meios de comunicação referentes à regulamentação da distribuição dos espaços gratuitos para publicidade na televisão e no rádio para as eleições nacionais, legislativas, municipais e em segundo turno. O artigo concedia mais espaços gratuitos ao partido que tivesse mais votos computados nas eleições anteriores. O recurso foi impetrado pelo Partido Independente porque "viola o princípio da igualdade" e "dificulta o acesso das minorias ao poder".
Em 25 de abril, quando o presidente Vázquez inaugurava um centro educacional no bairro de La Teja, o jornalista do El País, Tomer Urwicz, perguntou-lhe sobre a mudança de DNA (promessa eleitoral) na educação. O presidente riu e continuou andando. Quando ele lhe fez outra pregunta sobre a contratação de um colega para ler uma mensagem presidencial em cadeia de rádio e televisão, o presidente também não respondeu e disse: "Você é garoto de recados de quem?"
Em 31 de julho, em uma comissão parlamentar, o chanceler Nin Novoa referiu-se à Lei de Acesso à Informação Pública e mostrou-se irritado com os pedidos de informação e a maneira como a lei está sendo aplicada. "Temos recebido pedidos de acesso a informações públicas de pessoas que querem fazer doutorado. Bem, elas que venham buscá-las! Não somos nós que vamos fazer doutorado!"
A lei foi usada por jornalistas do semanário Búsqueda para obter informações sobre os gastos pessoais do ex-vice-presidente do país, Raúl Sendic, feitos com um cartão de crédito da principal estatal, o que resultou em sua renúncia.
Em 5 de agosto, o chanceler Novoa acusou o jornalista Gustavo Toledo da rádio Del Oeste de ser parte da oposição por lhe ter feito uma pergunta sobre o déficit fiscal, e retirou-se da entrevista.
Em 17 de agosto, o presidente do partido Frente Amplio, Javier Miranda, chamou de sensacionalista a cobertura jornalística do escândalo da Associação Uruguaia de Futebol e a divulgação de "informações vazadas à imprensa" que envolvem funcionários do governo. "Passamos toda a semana passada vendo na imprensa informações vindas de gravações clandestinas e editadas, de pessoas que se acusam mutuamente de negócios espúrios, e assim caem o subsecretário do ministério do Interior (irmão do presidente) e o filho do presidente".
Em 1º de outubro, o presidente Vázquez, em uma mensagem no site da presidência, com base em que "as uruguaias e os uruguaios temos o direito de receber, e de estar informados também das boas notícias", disse que havia recebido uma carta informando que o ministro da Economia, Danilo Astori, havia sido reconhecido pela revista Global Markets como o melhor na América Latina. Logo se soube que Global Markets não é uma revista, mas um boletim do Fundo Monetário Internacional, de cujo conselho consultivo regional o presidente é parte.