Equador

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Relatório à 76 Assembleia Geral da SIP
21 a 23 de outubro de 2020
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A liberdade de imprensa foi afetada nesse período por vários conflitos sobre informações relacionadas à pandemia. A Comissão Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos advertiu sobre a violação da liberdade de expressão pelo governo usando-se a pandemia como pretexto.

O presidente Lenin Moreno pediu, em cadeia nacional, que os funcionários verifiquem e forneçam informações transparentes quando a situação sanitária se tornou insustentável na cidade de Guayaquil, onde as redes sociais e a mídia começaram a divulgar vídeos e fotos de cadáveres abandonados pelas ruas.

O vice-presidente da Gráficos Nacional, que publica o jornal Extra, Galo Martínez Leisker, disse que não iria maquiar a realidade do país, quando o Conselho de Regulação, Desenvolvimento e Promoção da Informação e Comunicação convidou o Extra e os meios de comunicação do governo a "não desinformar, e a não alarmar os leitores por meio da publicação de manchetes, imagens ou fotografias dramáticas ou sensacionalistas".

No dia 9 de maio, o jornalista do jornal La Hora, Nilo Domínguez, recebeu mensagens e ameaças intimidadoras, após acompanhar o promotor em uma batida no Hospital da Previdência Social de Babahoyo. Durante a operação, em que se investigava o superfaturamento de suprimentos médicos para o combate à pandemia, e para a qual o jornalista foi autorizado a comparecer pelo Ministério Público, o jornalista Omar Mora, colaborador pessoal da diretora do hospital, Liliana Junco, exigiu se aposentou e depois o acusou - via WhatsApp - de ter recebido propina "de um político" para transmitir a cobertura ao vivo.

Ocorreram em maio manifestações de protesto de grupos da sociedade contra o governo pela forma como a pandemia estava sendo gerenciada e pelo corte de verbas para as universidades. Em 14 de maio, Valentina Encalada e Miguel Canales, fotógrafos do jornal Expreso, foram agredidos enquanto cobriam o protesto convocado pela Coordenadora de Organizações Sociais de Guayas, "Estamos em luto e resistência".

Em 29 de maio, o website da rádio La Calle recebeu vários comunicados de um software da presidência da República declarando que a rádio tinha 24 horas para deletar de seu site todas as fotos do presidente da República, caso contrário o website seria suspenso indefinidamente. Um dos comunicados afirmava que determinados trolls centers estão fazendo mau uso das imagens do presidente.

Em 24 de julho, o portal digital "La Historia" denunciou que a presidência da República, utilizando a empresa Iomart Group PLC, com sede em Glasgow, no Reino Unido, havia tentado deletar cinco matérias investigativas feitas pelo portal e que abordam casos de corrupção durante a pandemia da Covid-19. O diretor do portal, Marlon Puertas, disse que isso foi feito por uma suposta violação dos direitos de copyright sobre as fotos produzidas pela presidência e a Secretaria de Comunicação.

No início de agosto, as contas das redes sociais do jornal La Hora, da província de Los Ríos, foram hackeadas por simpatizantes do presidente da Assembleia Nacional, César Litardo, que aproveitaram para postar informações favoráveis e vídeos sobre o político e sua gestão. . La Hora noticiou o acontecimento nas suas redes sociais, mas a Assembleia Nacional solicitou que a informação fosse retirada por considerar prejudicial para a sua imagem. Em 18 de setembro, um evento semelhante afetou a página do Facebook desse meio, que relatou ao Facebook na Argentina. A reclamação ainda não foi resolvida.

Em 29 de setembro, um funcionário da polícia moveu ação judicial contra o jornalista Anderson Boscan, do portal "La Posta". O motivo da ação são as críticas de Boscan à falta de segurança dos membros da polícia diante da emergência sanitária provocada pela Covid-19. O major Fabián Salas Duarte acusa Boscan de violação de intimidade.

Durante esse período, 23 jornalistas faleceram de Covid-19.

Outros fatos de destaque:

Ocorreram vários ataques à mídia. Em 31 de maio, a sede do canal Teleamazonas sofreu um ataque com explosivos que causou danos às suas instalações. O portal "Periodismo de Investigación" sofreu um ataque cibernético que o deixou fora do ar, pouco depois da publicação de "La crónica de #ElGranReparto", que explica as supostas relações entre o ex-deputado Daniel Mendoza e funcionários do governo atual na distribuição de cargos em hospitais públicos.

Em 16 de junho, o portal "Fundamedios" informou que 12 jornalistas de vários meios de comunicação tinham sido agredidos por policiais quando o prefeito de Quito, Jorge Yunda, compareceu à Procuradoria devido a acusações de irregularidade na compra de materiais para atender às necessidades de resposta à pandemia.

Em 22 de junho, durante a cobertura do falecimento do prefeito de Guayas, Carlos Luis Morales, o repórter da Teleamazonas, Carlos Sacoto, foi agredido e ameaçado de morte por funcionários da prefeitura de Guayas. Sacoto disse que os funcionários o acusaram de manchar a reputação do falecido.

Vários jornalistas sofreram ameaças nos meses de junho e julho por vincularem a família Burcaram à denúncia de corrupção sobre materiais médicos durante a emergência. Dayana Monroy, jornalista do canal Teleamazonas, denunciou que Jacobo Bucaram Pulley, filho do ex-presidente Abdala Bucaram, a ameaçou.

O portal "Fundamedios" pediu que as autoridades protegessem Xavier Bonilla, conhecido como Bonil, que recebeu ameaças depois da publicação de um eidtorial gráfico ("La coluna de Bonil") no El Universo, onde fez caricaturas de Jacabo Bucaram Pulley chamando-o de "El Huyecaminos" (pombo-correio).

O caricaturista Jorge Cadena Valverde, conhecido como Cazurro, que tem uma página no Facebook, foi ameaçado por publicar uma caricatura do ministro das Finanças, Richard Martínez.

Em 21 de agosto, jornalistas, organizações da sociedade civil e especialistas em direito, criticaram a decisão da CFN de que o processo de venda do Banco do Pacífico fosse considerado reservado. As informações sobre as negociações serão consideradas confidenciais durante 15 anos. Solicitou-se às autoridades da CFN que o processo seja aberto e público.

Em 30 de setembro, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) emitiu uma disposição que exige que os juízes das Juntas Eleitorais Provinciais assinem um acordo de confidencialidade e de não divulgação para vinculação ao Conselho Nacional Eleitoral.

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