No início da pandemia, o governo tomou medidas que criaram restrições ao acesso às informações e demonstrou intransigência diante das opiniões críticas e falta de resposta para os pedidos de informação.
Em 14 de março, o presidente Alejandro Giammattei advertiu a imprensa depois que o Soy502 publicou uma matéria que contradizia a versão do governo sobre o primeiro caso positivo de Covid-19 registrado no país. Giammattei citou o artigo 35 da Lei de Ordem Pública que prevê que os órgãos relacionados a publicidade são obrigados a evitar matérias que possam causar confusão, pânico, ou que piorem a situação enquanto durarem os períodos de emergência. Ele lembrou que o não cumprimento da regulação resultará em possível advertência ao diretor da publicação e, em caso de reincidência, em imposição de censura.
Por ordem do presidente, os meios foram obrigados a publicar informações oficiais gratuitamente sobre a pandemia durante o estado de calamidade pública, mas essa medida acabou não entrando em vigor.
Giammattei criticou a mídia por questionar os gastos ou a falta de verbas para equipar os hospitais.
O diretor executivo da comissão presidencial do Centro do Governo da Guatemala, Miguel Martínez, moveu ação contra o jornal digital Plaza Pública em 9 de setembro por investigá-lo. Ele afirmou que sua família foi alvo de supostas "perseguições, ameaças e extorsões". O Plaza Pública publicou uma matéria investigativa sobre os vínculos empresariais entre o presidente Giammattei e Martínez desde 2017. Outras pessoas que fazem parte da mesma empresa também ocupam cargos públicos.
Essa entidade foi criada para coordenar as atividades e a comunicação entre os ministérios e o presidente, mas foi criticada porque seu diretor estaria usurpando as funções do vice-presidente, Guillermo Castillo. Houve também denúncia de que Martínez teria sido nomeado por causa de sua proximidade com o presidente e que não possuía as habilidades técnicas para o cargo.
Em 12 de setembro, o jornalista Sonny Figueroa, proprietário do Artículo 35 e do Vox Populi, foi detido. Ele havia publicado no dia anterior, e durante vários meses, matérias sobre o financiamento da campanha de Giammattei, seus assessores de publicidade e propaganda e sobre um incidente no Centro do Governo. As matérias foram também publicadas pelo Prensa Libre, La Hora e ElPeriódico. O juiz Angel Contreras declarou "falta de mérito" e ordenou a soltura imediata do jornalista no dia seguinte. No dia 19 de outubro, dois agentes da Polícia Nacional Civil foram presos e acusados de abuso de autoridade durante a prisão de Figueroa.
Os jornalistas do canal Guatevisión e do Prensa Libre, Felipe Garrán e Miriam Figueroa, foram interceptados por duas patrulhas da polícia. Dois policiais exigiram que mostrassem sua identificação, embora eles a exibissem de forma visível. A medida foi considerada um ato de intimidação, já que ocorreu quase no mesmo lugar do episódio com Figueroa, e no dia seguinte a ele.
No interior do país, muitos jornalistas sofrem agressões e ameaças, e atuam segundo as restrições impostas pelas autoridades locais ou as máfias da região.
Os meios de comunicação cumpriram as medidas estabelecidas pelo governo para garantir a saúde dos jornalistas.