Nesse período de crise social e protestos relacionados à falta de respostas do governo para as demandas do povo diante da pandemia, as agressões aos jornalistas continuaram, em meio a apelos da mídia e de associações de imprensa por uma maior transparência nas agências do governo.
Após liminar do jornalista Juan Carlos Lezcano, do ABC Color, um juiz ordenou que fossem disponibilizadas as declarações de imposto de renda de todos os funcionários públicos do país desde 1992 no website da Controladoria.
Em outubro, o jornalista Aníbal Gómez Caballero denunciou irregularidades no encaminhamento da ação de difamação e calúnia movida contra ele pelo deputado Robert Acevedo (PLRA), em detrimento do direito de defesa, com o que se buscaria criar um precedente para intimidar todos os jornalistas de Pedro Juan Caballero que criticam o deputado.
Em novembro, uma advogada de defesa do ex-senador Óscar González Daher perguntou à jornalista Mabel Rehnfeldt, do ABC Color, em pleno julgamento, se ela sabia que divulgar áudios gravados era "punível por lei". A jornalista tinha se apresentado para testemunhar no caso do vazamento dos áudios do Jurado de Enjuiciamiento de Magistrados (JEM) que no final de 2017 trouxe à tona o esquema de corrupção encabeçado pelo então senador Óscar González Daher.
Em janeiro de 2021, a promotora Lolia Zunilda Martínez entrou em contato com Gustavo Galeano, fotojornalista do La Nación, que foi preso e agredido por agentes da Base Naval de Ciudad del Este em março de 2020 enquanto tentava fazer uma cobertura.
Em janeiro, o fotógrafo Luis Enríquez, do jornal Última Hora, foi ameaçado por guardas para manter sua distância do local de construção da passarela de pedestres entre o Parque Ñu Guasu e o Comitê Olímpico Paraguaio por "motivos de segurança". As imagens revelam a falta de condições de segurança para os trabalhadores neste canteiro de obras.
Em março, um Tribunal de Apelação ratificou uma decisão que rejeitou um habeas data contra o ABC Color e Última Hora impetrado por Claudio Notoli Micheli, que pretendia eliminar os registros de matérias de março de 2013 no aeroporto Silvio Pettirossi numa ação que resultou em sua prisão e na apreensão de quase 3,5 quilos de ouro. A juíza considerou que tal alegação era contrária ao direito à informação, pois eram matérias sobre eventos ocorridos, e não informações de natureza pessoal que poderiam afetar sua privacidade.
Em março, o jornalista Alexis Aveiro do canal C9N apresentou uma queixa à polícia depois de ter sido agredido por um grupo de apoiadores do chefe do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), Efraín Alegre. O jornalista Osvaldo Cazenave, do ABC Color, também foi agredido.
Em março a Telefuturo informou que várias pessoas têm que viajar para Clorinda, Argentina, em busca de medicamentos que estão faltando nos hospitais do país. Outros meios de comunicação acusaram o canal de delatar pessoas que estão desesperados por medicamentos.
Em março, o juiz Elio Ovelar disse que se sente atacado pelo ABC Color. O juiz está sendo investigado pela Controladoria-Geral da Justiça por causa de várias matérias do ABC Color sobre ele e sua esposa, a promotora Marlene Gonzalez, e o milionário crescimento patrimonial que tiveram. O juiz está encarregado da ação por difamação contra a editora do ABC Color, Natalia Zuccolillo, e o jornalista Juan Carlos Lezcano, movida em setembro de 2019 pela ex-vice-ministra de tributação, Marta González Ayala. Em março de 2019, González moveu uma ação baseada em três matérias sobre um processo de licitação e a adjudicação de um contrato para a atualização tecnológica do Sistema de Gestão Tributária "Marangatú". As matérias que motivaram a ação são baseadas em dados públicos do Gabinete-geral de Contratações Públicas do Ministério da Fazenda.
O caso nunca deveria ter ido a julgamento devido à proteção concedida pela Constituição à imprensa, e é motivo de preocupação que o sistema judiciário, submisso ao poder político, tenha permitido que isso acontecesse, numa tentativa de intimidar a mídia.
Em abril, a Entidade Binacional Yacyretá foi denunciada por desacato por deixar de cumprir a Lei de Transparência por não ter fornecido todas as
informações sobre seus gastos em investimentos sociais. A queixa foi apresentada por um jornalista do Grupo La Nación.
Em abril, a Sociedade de Comunicadores do Paraguai pediram o acesso às informações do conselho de administração de Itaipu sobre a posição dos integrantes paraguaios do conselho. Em vista de eventos recentes, como a assinatura da chamada "Ata Secreta", eles também exigiram a transmissão ao vivo das reuniões do conselho através do site da entidade ou de outra plataforma acessível, e a produção de relatórios sobre essas reuniões e coletivas de imprensa, com acesso virtual para os cidadãos.