Seis jornalistas foram assassinados, em Sinaloa, Oaxaca, Coahuila, Sonora, Michoacán e Veracruz nesse semestre. As ameaças do crime organizado tornam-se cada vez piores, e uma delas, feita no Twitter por um cartel, provocou reações da imprensa.
O presidente Andrés Manual Lopez Obrador critica e desqualifica a imprensa constantemente. Em 30 de junho, em seu programa matinal, utilizou o segmento "Quem é quem nas notícias" não para esclarecer o que ele considera como sendo notícias falsas, mas sim para criticar a mídia e os jornalistas. Segundo ele, agem em represália porque perderam seus privilégios publicitários e para atender aos interesses de empresários ricos que não querem sua política social.
O novo segmento serve para desmentir, segundo ele, as mentiras da semana, e se concentra em alguns veículos de comunicação, entre eles o jornal Reforma e o El Universal, que ele denomina "inimigo do governo".
Nesse contexto, em 30 de agosto, surgiu uma iniciativa de diferentes empresas jornalísticas chamada Alianza de Medios Mx. Seu objetivo é defender a liberdade de expressão e combater a impunidade nos crimes contra jornalistas e a mídia. Eles criaram uma base de dados com casos documentados desde meados dos anos 1980, incluindo mais de 200 assassinatos. A nova organização é composta por: Publimetro, El Universal, Proceso, Radio y Televisión Mexicanas, Eje Central, El Heraldo de México, Organización Editorial Mexicana, La Silla Rota, Político Mx, El Dictamen, Vanguardia, El Economista, Debate e Imagen Noticias e a Câmara Nacional da Indústria de Rádio e Televisão.
Em 3 de maio, foi encontrado o corpo de Benjamín Morales Hernández, de 50 anos, fundador e diretor do portal Noticias Xonoidag. Seu corpo foi encontrado à beira de uma estrada entre Caborca e Sonoyta, dois municípios do estado de Sonora, próximo à fronteira com os Estados Unidos.
Em 17 de junho, Gustavo Sánchez Cabrera foi assassinado a tiros no município de Santo Domingo Tehuantepec, Oaxaca.
Ele era diretor do portal Noticias Minuto a Minuto e havia sobrevivido a um ataque armado em julho de 2020. Havia denunciado que estava recebendo ameaças de morte devido ao seu trabalho.
Em 22 de junho, Saúlt Tijerina Rentería foi assassinado em Cidade Acuña, Coahuila. Ele era repórter de duas páginas de notícias do Facebook, Noticias en la Web e La Voz de Coahuila, operador de drone para o site Policíaca Acuña e trabalhava em uma empresa maquiladora.
Em 19 de julho, Abraham Mendoza foi assassinado em Morelia, Michoacán. Ele apresentava o programa de notícias Observatório na emissora da Universidade Vasco de Quiroga, Uve Radio. Era também locutor de rádio da estação EXA Morelia e apresentador da Revista Informativa VocesRadio.
Em 22 de julho, Ricardo López Domínguez foi assassinado no estacionamento onde havia sido chamado para receber um pagamento por publicidade. Ele havia sido vítima de várias agressões nos meios digitais e havia sido afastado por segurança após denunciar uma campanha de difamação contra ele.
Em 4 de novembro de 2020, enquanto trabalhava em InfoGuaymas, o jornalista denunciou em um vídeo que a polícia municipal de Guaymas criava contas falsas para atacar ou desacreditar a mídia e responsabilizou o secretário de segurança pública de Guaymas caso alguma coisa acontecesse a ele.
Em 19 agosto, Jacinto Romeros Flores foi assassinado. Ele recebeu vários tiros quando transitava, de carro, pelo Boulevard Reforma, em Ixtaczoquitlán. Ele havia recebido ameaças.
Em 9 de agosto, houve uma ameaça direta do crime organizado aos profissionais da Televisa, Milenio e El Universal. Em um vídeo, um grupo criminoso criticou a cobertura que faziam dos conflitos no estado de Michoacán.
"Não se virem só para um lado, não se metam em problemas que não lhes dizem respeito porque nunca bati em nenhum repórter", ameaçou um suposto representante de Rubén Oseguera Cervantes, conhecido como "El Mencho".
O representante do Cartel Jalisco Nova Geração acusou a apresentadora da Milenio TV, Azucena Uresti, de utilizar a "emissora e o noticiário para lavar dinheiro" e a ameaçou dizendo "se você continuar me atacando, prometo que vou atrás de você onde estiver e te farei engolir suas palavras, mesmo que me acusem de feminicídio porque não me conhecem".
As ameaças fizeram com que vários meios de comunicação condenassem o incidente conjuntamente, em uma declaração assinada pela Televisa e El Universal, além de Proceso, TV Azteca, a Sociedade Interamericana de Imprensa, Grupo Imagen, El Heraldo de México, La Silla Rota, Publimetro, Animal Político, Organización Editorial Mexicana, Debate, WAN/IFRA, Eje Central, SEMMéxico, El Economista, Grupo Milenio, Vanguardia MX ePolítico MX. "Os grupos que fazem essa ameaça sabem que podem fazer isso devido à impunidade de que gozam aqueles que durante décadas intimidaram os jornalistas e a mídia", afirma a declaração.
Em setembro, a Promotoria Especial para Crimes contra a Liberdade de Expressão (FEADLE) abriu uma investigação sobre Daniel Blancas Madrigal, repórter do jornal La Crónica, depois de um desencontro com comunicadores ou youtubers que são apoiadores incondicionais do presidente López Obrador.
Em 5 de outubro, o ministério do Interior (Segob) reconheceu que, durante a atual presidência, o número de pessoas que aderiram ao Mecanismo de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas cresceu 88%, o que reflete o aumento da violência no país.
Entre os jornalistas protegidos, 54% são da Cidade do México, Guerrero, Tamaulipas, Quintana Roo, Sonora e Veracruz. A SEGOG reconheceu que entre dezembro de 2018 e setembro de 2021, foram registrados 47 homicídios de jornalistas e que existe 99% de impunidade. Houve sentenças em apenas cinco casos.
Em termos de publicidade oficial, o Artículo 19 informou que 52% dos gastos em publicidade oficial concentraram-se em 10 de 457 meios. Os meios que mais receberam publicidade oficial foram as cadeias Televisa e TV Azteca e o jornal La Jornada.
Em 8 de setembro, a Suprema Corte decidiu que o Congresso deve corrigir as omissões da Lei Geral de Comunicação Social, que prevê gastos discricionais da publicidade oficial, para estabelecer critérios transparentes e claros sobre a distribuição da publicidade.