Durante esse período, o partido do governo, Movimento ao Socialismo, promoveu uma lei para eliminar o sigilo das fontes jornalísticas. A medida, que tramita na Assembleia Legislativa, faz parte do projeto de lei Contra a Legitimação de Lucros Ilícitos, Financiamento da Proliferação de Armas de Destruição em Massa ou Não Convencionais.
Os parlamentares aliados ao governo defendem que se exija dos profissionais de todos os setores, inclusive jornalistas, que renunciem ao sigilo profissional. Os jornalistas seriam obrigados a revelar a fonte de suas investigações mediante um simples pedido de uma autoridade financeira.
A Associação Nacional de Imprensa (ANP) e outras organizações jornalísticas alertaram sobre o risco que representa a perda da proteção do sigilo profissional prevista em normas internacionais, na Constituição e na Lei de Imprensa.
Outro projeto de lei delega ao Instituto Nacional de Estatística (INE) a função de obter e centralizar dados de todas as pessoas físicas e jurídicas, inclusive organizações não governamentais, fundações, entidades religiosas, organizações internacionais e agências de cooperação.
Organizações civis expressaram preocupação de que essa lei possa restringir o acesso à informação, por permitir que uma entidade do governo decida quais dados podem ou não ser divulgados, infringindo-se, assim, o artigo 21 da Constituição.
Em julho, dois diretores de rádio e dois jornalistas da região dos Yungas receberam notificação para que comparecessem ao Ministério Público para esclarecer a morte de um policial durante confrontos com produtores de folhas de coca. Os intimados haviam testemunhado o crime.
Em 21 de setembro, o jornalista Carlos Quisbert que estava cobrindo um confronto entre produtores de folha de coca e policiais na cidade de La Paz, foi atropelado por um integrante da polícia de choque e, ao reclamar, foi espancado por sete policiais. Ele foi detido, algemado e foi alvo de gás lacrimogêneo dentro de uma viatura policial.
Depois de ser libertado, ele foi novamente detido e processado por um promotor. Foi solto cinco horas depois diante da pressão e protestos de seus colegas.