Durante esse período, as agressões a jornalistas continuaram se tornando mais frequentes, e aumentaram também as iniciativas legais e as medidas administrativas que têm como objetivo restringir a liberdade de imprensa, bem como as medidas judiciais, as ameaças e obstruções por parte de funcionários públicos.
Encontra-se no Congresso um projeto de lei, que já passou pelo primeiro debate em seu trâmite legislativo, que pretende ressuscitar a carteira de jornalista. O documento para o segundo debate dá margem a mais confusões, pois afirma que caso o projeto seja aprovado, a carteira não será obrigatória. A Associação Colombiana de Meios de Informação (AMI, em espanhol) afirmou que se trata de uma iniciativa problemática, sobretudo porque seus propósitos e sua redação são confusos, e por isso recomenda que o projeto de lei seja arquivado. O texto do projeto fala de uma instância, de um Conselho que teria poder de emitir e suspender a referida carteira, e o qual seria composto por membros do governo, de associações de jornalistas e de alguma faculdade de jornalismo. Há preocupação quanto aos critérios que seriam utilizados e quanto a quem seriam os encarregados dessas funções.
Um senador do partido da Unidade Nacional (Partido de la U) apresentou um projeto de lei cria um recurso que permite que os usuários da internet possam "contestar informações falsas ou ofensivas". O projeto se refere a prestadores de serviços, e os compromete a tomar medidas corretivas no prazo de 72 horas, sob pena de "serem envolvidos nas ações judiciais movidas como consequência da publicação". Assim, haveria a possibilidade de censura e se atribuiria aos prestadores de serviços da internet a responsabilidade de aplicar parâmetros arbitrários e não transparentes para filtrar os conteúdos divulgados na internet.
Em fevereiro, a SIP enviou à Corte Constitucional o texto da Declaração de Salta após uma consulta pública desse tribunal sobre a liberdade de expressão nas redes sociais, realizada em 28 de fevereiro.
A SIP enfatizou a importância da consulta e instou a Corte Constitucional a considerar o estabelecido na Declaração de Salta no que se refere aos direitos e às responsabilidades que jornalistas e meios de comunicação devem assumir, assim como intermediários tecnológicos e cidadãos, além das garantias que os governos devem proteger.
Em uma ação movida por uma cidadã e relacionada a uma postagem no Facebook, a Corte Constitucional decidiu, em meados de março, que para que um juiz ordene a retirada de uma mensagem de uma rede social, deve-se demonstrar que as declarações postadas contra terceiros violam, de forma clara e contundente, o direito a honra e à boa reputação; ou seja, devem "prejudicar o patrimônio moral da pessoa".
Por ocasião do plebiscito realizado em setembro de 2016, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) emitiu uma resolução na qual pede aos concessionários e aos usuários do espectro eletromagnético que apresentem relatórios para confirmar a igualdade e a pluralidade no tempo concedido a defensores e opositores. Na época, a Andiarios conseguiu que fosse modificada uma resolução semelhante que obrigava apenas os meios de comunicação que utilizassem o espectro eletromagnético a apresentar o relatório. A norma reapareceu na regulamentação da consulta anticorrupção de agosto de 2018, e a AMI interpôs recurso perante o CNE, o qual ainda não foi solucionado. Mais recentemente, foi incluída também em uma resolução que regulamentava o Estatuto da Oposição, aprovado pelo Congresso em 2018 como parte das leis que concretizam os acordos de paz com as FARC. A esse respeito, a Corte Constitucional, por ocasião de uma ação de inconstitucionalidade movida pela mesma associação, esclareceu que tal obrigação só se aplica aos concessionários do espectro, e que por isso continua a ser preocupante o fato de a CNE não revogar as normas inconstitucionais.
Uma resolução da Superintendência da Indústria e Comércio, relacionada a um anúncio de uma empresa de telefonia móvel publicada no jornal Q'hubo de Medellín, exortou os meios de comunicação a atuarem como supervisores e revisores dos seus conteúdos publicitários. A AMI e a Asomedios interpuseram, juntas, um recurso de anulação.
Outros fatos que merecem destaque:
Em 7 de dezembro, Santiago Rivas, apresentador do programa "Los puros criollos", denunciou que um episódio da série, programado para ser exibido no canal Señal Colombia, parte do sistema de meios de comunicação públicos RTVC (Radio Televisión de Colombia), não seria transmitido. Rivas sugeriu que a mudança na programação teria tido motivações políticas por ter criticado um projeto de lei para modernizar o setor de tecnologia da informação e comunicação. O diretor da RTVC negou que esse tivesse sido o motivo do cancelamento da transmissão. Semanas depois, uma gravação da reunião na qual a decisão foi tomada deixou clara a relação entre a postura pública de Rivas e a decisão do diretor de não transmitir o programa, cancelando, inclusive, a temporada seguinte. O caso terminou com a demissão do diretor, em janeiro.
Em 1º de novembro, a procuradora especializada em violações dos direitos humanos (número judicial 53) decidiu abrir inquérito e vincular Jhon Jairo Velásquez Vásquez, conhecido como "Popeye", e Gustavo Adolfo Gutiérrez Arrubla, conhecido como "Maxwell", ao processo do assassinato do então diretor do El Espectador, Guillermo Cano, morto há 32 anos em Bogotá. Tanto Velásquez quanto Gutiérrez tinham relações com o Cartel de Medellín e com Pablo Escobar. Várias testemunhos, inclusive o do próprio "Popeye", sugerem que tiveram relação com o planejamento do crime que continua sem punição.
Em 3 de dezembro, o procurador especializado em violações dos direitos humanos (número 66) declarou ser crime de guerra o assassinato dos jornalistas do El Espectador, Julio Daniel Chaparro e Jorge Torres, mortos em 24 de julho de 1991 em Segovia, Antioquia, pelo Exército de Libertação Nacional (ELN). Segundo o procurador, pela época em que o crime ocorreu, pode-se determinar que foi cometido como parte do conflito armado e contra pessoas protegidas pelo Direito Internacional Humanitário. Essa decisão é importante porque o caso pode se tornar imprescritível e porque o governo continua sendo obrigado a esclarecer os fatos e a punir os responsáveis.
Em 1º de fevereiro, o promotor especializado em violações de direitos humanos (número 6) decidiu abrir inquérito contra Nicolás Rodríguez Bautista, conhecido como "Gabino", contra Israel Ramírez Pineda, conhecido como "Pablo Beltrán", e Eliécer Herlinto Chamorro, conhecido como "Antonio García", membros do Comando Central do ELN. Emitiu-se ordem de prisão contra eles, para que sejam levados a julgamento.
O pronunciamento do procurador afirma que a morte de Chaparro e Torres "foi ordenada por Julio Lezcano, conhecido como Zarco, que comandava as milícias de Segovia, ordem que veio do Comando Central como uma política criada pela condição de inimigo". Vinte e sete anos depois do crime, o caso enfrentou vários obstáculos, embora a autoria do ELN nunca tenha sido alterada.
Em 11 de dezembro, a Corte Suprema confirmou a condenação de Ferney Tapasco, político liberal, como autor intelectual do assassinato do vice-diretor do jornal La Patria de Manizales, Orlando Sierra, morto em 30 de janeiro de 2002 em Manizales.
Em sua decisão, a Corte Suprema afirmou que "as ameaças que Orlando Sierra sofreu como resultado de sua atividade jornalística são um fato demonstrado no processo e eram, além disso, conhecidas pelas pessoas próximas a ele e que acompanhavam seu trabalho e sua vida familiar". Tapasco havia sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Superior de Caldas, em 24 de junho de 2015. Na sua coluna no La Patria, Orlando Sierra criticava líderes políticos de sua região, entre eles Tapasco. O autor material do crime, Luis Fernando Soto Zapata, foi condenado a 19 anos de prisão em 2002, saiu da prisão em 2007 e foi assassinado em 2008.
Em 16 de janeiro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos comunicou que havia aprovado seu relatório sobre o sequestro, tortura e violência sexual de que foi vítima a jornalista Jineth Bedoya, em 25 de maio de 2000, crimes que até a data continuam sem punição. O relatório e sua aprovação permitem que o governo colombiano possa ser julgado perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Em 22 de março, o juiz civil do circuito de Bogotá, ao decidir uma tutela, ordenou ao canal RCN que se abstivesse de fazer uma entrevista que seria parte da edição de 24 de março do programa de notícias "4 Caminos". Uma pessoa objeto de várias denúncias por supostos enganos em sua atividade profissional, interpôs a ação judicial. A decisão do tribunal constitui censura por meio de assédio judicial e pode estabelecer um precedente muito sério e faz parte de um contexto no qual o recurso à tutela para silenciar a imprensa está se tornando mais comum.
De 1º de setembro de 2018 a 26 de fevereiro de 2019, a Fundação para a Liberdade de Imprensa registrou 195 agressões à imprensa, que afetaram 247 jornalistas. Deste total, 44 casos envolveram funcionários públicos e afetaram 59 jornalistas.
A agressão mais frequente foi violência por ameaça em 63 casos que afetaram 87 jornalistas, seguida por 28 casos de assédio.