No momento em que os governos democráticos nas Américas e na Europa reclamam contra a ditadura de Nicolás Maduro, o governo do presidente Tabaré Vázquez adotou uma política passiva face aos abusos institucionais na Venezuela
Isolado na região, o presidente Vázquez buscou o apoio da União Europeia e organizou uma reunião em Montevidéu com países fora do Grupo de Lima e representantes europeus. O Uruguai aceitou uma declaração genérica pelas "eleições livres, confiáveis e transparentes", mas rejeitou (e bloqueou por falta de consenso) as cláusulas favoráveis à "libertação dos presos políticos", "uma observação internacional independente" no caso das eleições e "remoção de todos os obstáculos à participação livre e equitativa de todos os partidos".
O Artigo 95 da Lei da Mídia, aprovada com os votos da maioria governista (Frente Ampla), autoriza o Poder Executivo a impor até 15 minutos de transmissão gratuita diária a todos os meios de comunicação audiovisual "para a realização de campanhas de interesse público sobre questões como saúde, educação, infância e adolescência, igualdade de gênero, convivência, segurança viária, direitos humanos e combate à violência doméstica e discriminação pelos órgãos públicos e entidades públicas não estatais". As redes de rádio e televisão agora são convocadas por iniciativa do Presidente Vázquez para a "divulgação oficial de transmissões simultâneas".
O primeiro problema é que a definição do que significa uma campanha de interesse público cabe ao próprio Poder Executivo, que escolhe os 15 minutos mais caros e de maior audiência. Além disso, essas campanhas cada vez mais têm um perfil político, havendo um risco adicional por ser 2019 um ano de eleições nacionais.
Em 13 de novembro foi inaugurada a Antel Arena, um complexo poliesportivo e cultural patrocinado pela Antel, a empresa detentora do monopólio de telefonia fixa (tradicional), que concorre também no mercado de telefonia móvel. Estiveram presentes as maiores autoridades do governo, encabeçadas pelo presidente Vázquez. Perante as solicitações dos jornalistas, o presidente, com um tom irônico acentuado, evitou responder as perguntas sobre o financiamento da obra e as questões de inconstitucionalidade levantadas pela oposição.
Em 6 de fevereiro o redator chefe do El País precisou comparecer perante um tribunal devido a uma queixa por difamação e calúnia apresentada por Gonzalo Casaravilla, presidente da Usinas e Transmissões Elétricas (UTE), a empresa que detém o monopólio estatal da energia elétrica. Isto se deveu a informações erradas publicadas sobre uma possível reestruturação, que El País retificou e esclareceu na sua webpage assim que tomou conhecimento e, no dia seguinte, na primeira página do jornal impresso.
A mídia impressa no país não consegue fugir da difícil situação decorrente dos avanços tecnológicos, além das mudanças no mercado publicitário e nos hábitos de leitura.
Os principais diários e semanários instalados em Montevidéu, que concentra 50% da população do país, fizeram uma advertência às autoridades sobre esta situação, para que se leve em conta a importância democrática e cultural destes jornais no regime fiscal. Não houve nenhuma evolução nesse sentido.