Haiti

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Reunião de Meio de Ano, 29 a 31 de março de 2019, Cartagena Colômbia

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A crise se agravou no último semestre, com protestos massivos contra a política do governo e contra a corrupção do Estado. As manifestações deixaram mais de trinta mortos e centenas de feridos, entre eles um repórter gráfico, e o incidente foi um lembrete do perigo que a imprensa enfrenta constantemente.

Além disso, o desaparecimento do repórter gráfico Vladjimir Legagneur completou um ano sem que as autoridades tenham solucionado o caso, apesar da insistência da família da vítima, da mídia do país e de organizações que defendem a liberdade de imprensa e os direitos humanos.

Em 7 de fevereiro, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Porto Príncipe e das principais cidades do país no que foi o início de uma série de protestos da oposição que tenta retirar o presidente Jovenel Moïse do poder.

As manifestações se tornaram violentas e se estenderam por duas semanas. Os manifestantes exigiam melhores condições de vida e o esclarecimento do destino de 2,3 milhões de dólares do programa venezuelano Petrocaribe (o que provocou também um movimento inédito nas redes sociais conhecido como #PetroCaribeChallenge), supostamente desviados por vários funcionários públicos nos três governos anteriores ao do Moïse.

Em meio a esses protestos, em 13 de fevereiro, o jornalista haitiano Robenson Sanon, cinegrafista da agência Reuters, levou um tiro no braço, aparentemente acidental, quando fazia a cobertura de confrontos entre manifestantes e policiais.

Vinte e seis pessoas morreram e mais de 77 ficaram feridas, segundo informações da Unicef citadas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Moïse prometeu reduzir em 30% o orçamento do primeiro-ministro, eliminar privilégios de funcionários de alto escalão, recuperar o dinheiro perdido no caso Petrocaribe, reduzir o preço dos produtos básicos e iniciar um diálogo nacional para contornar a crise.

A violência contra os jornalistas continua sendo constante, assim como a impunidade.

O desaparecimento, em 14 de março de 2018, do repórter gráfico Vladjimir Legagneur, ainda não foi elucidado. A polícia informou que encontrou um corpo no bairro Grande Ravine, em Porto Príncipe, onde ele foi visto pela última vez, e que faria testes de DNA, mas até agora não apresentou um relatório concludente.

À grave situação de pobreza generalizada, de falta de infraestrutura e de serviços básicos soma-se a insegurança, o que, segundo o novo presidente do Senado, Carl Murat Cantave, poderia obrigar o adiamento das eleições legislativas e municipais, previstas para outubro.

Apesar de alguns importantes sucessos nos últimos anos, a violência continua sendo um problema sério. No primeiro trimestre do ano, a Comissão Episcopal de Justiça e Paz da Igreja Católica registrou 101 mortes violentas (44 em janeiro, 20 em fevereiro e 37 em março), sendo que 65 foram causadas por tiros.

Desde 2000, mais de doze jornalistas haitianos foram assassinados. Em 2013, Georges Henry Honorat, responsável pelo semanário Haïti Progrès, e Pierre-Richard Alexandre, correspondente de uma rádio nacional; em 2012, Benson Roc, correspondente da rádio Contact FM, e Jean Liphète Nelson, diretor da rádio Boukman; em fevereiro de 2011, o jornalista Jean Richard Louis Charles.

Entre os casos mais conhecidos estão o assassinato de Jean Dominique, em 3 de abril de 2000, e o de Jacques Roche, encontrado em 14 de julho de 2005 depois de ter sido sequestrado, dias antes. Além desses, os casos do fotógrafo autônomo Jean-Rémy Badio, em 19 de janeiro de 2007; do locutor de rádio Francois Latour, em 23 de maio de 2007, e de Alix Joseph, diretor administrativo e locutor da Radio-Télé Provinciale de Gonaives, em 16 de maio de 2007.

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