SIP condena ataque das autoridades brasileiras contra a imprensa

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Christopher Barnes e Roberto Rock reagiram às recentes ações do presidente Bolsonaro e do prefeito do Rio de Janeiro contra O Globo e a Folha de S. Paulo, dois dos jornais mais influentes do Brasil.
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Miami (6 de dezembro de 2019) - A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou os repetidos ataques de líderes políticos brasileiros contra a imprensa e lembrou às autoridades que, em uma democracia, as críticas e opiniões são debatidas e não devem ser usadas para justificar represálias.

"Haverá sempre uma tensão natural entre a imprensa e o poder político, mas numa democracia as críticas e as opiniões contrárias podem ser discutidas e contrabalançadas com outras opiniões, mas não poderão nunca justificar qualquer tipo de represália", declararam Christopher Barnes, presidente da SIP, e Roberto Rock, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.

Barnes, diretor do jornal jamaicano The Gleaner, e Rock, diretor do portal de notícias mexicano La Silla Rota, reagiram às recentes ações do presidente Bolsonaro e do prefeito do Rio de Janeiro contra O Globo e a Folha de S. Paulo, dois dos jornais mais influentes do Brasil.

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que suspendeu as relações com o jornal O Globo, proibindo que seus jornalistas participem de coletivas de imprensa e eventos municipais. O prefeito Marcelo Crivella acrescentou que ele se absteria de comentar ou responder perguntas de repórteres do jornal que ele considera um "panfleto político". Ele ameaçou também processar dois de seus jornalistas, a quem chamou de "patifes", "canalhas" e "sem caráter".

O presidente Jair Bolsonaro e membros do seu governo tomaram medidas de retaliação contra a Folha de S. Paulo por matérias e editoriais que o jornal publicou e que continham críticas ao seu governo. No final de outubro, Bolsonaro anunciou que todo o governo federal cancelaria a assinatura do jornal, além de questionar as empresas privadas que anunciam no jornal.

Esta semana, Bolsonaro convidou "todo o Brasil" a não "comprar o jornal Folha de S. Paulo". O secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten, acusou o jornal de "defender uma conspiração para a saída de Bolsonaro" da presidência.

O relatório sobre o Brasil apresentado na Assembleia Geral da SIP em outubro afirma que a situação da liberdade de imprensa piorou, "especialmente por causa da agressividade do presidente Bolsonaro em relação à imprensa" e sua intenção de enfraquecer financeiramente os jornais.

A SIP é uma organização sem fins lucrativos dedicada à defesa e promoção da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão nas Américas. É composta por mais de 1.300 publicações do hemisfério ocidental e tem sede em Miami, Flórida, Estados Unidos.

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