O exercício da liberdade de expressão continua marcado pelas mesmas restrições de sempre, e as proibições legais e constitucionais para exercício do jornalismo se mantêm.
O governo detém o monopólio da informação e restringe os serviços de telecomunicações e o acesso à internet. Continua prendendo, perseguindo e amedrontando os jornalistas e suas famílias, e mantém-se a impunidade total das violações à liberdade de imprensa em um sistema judicial totalmente controlado pelas autoridades.
O jornalista independente e advogado Roberto de Jesús Quiñones continua cumprindo pena de prisão e foi ameaçado com represálias por divulgar, através de sua família, textos em que narra suas experiências na prisão. O líder político de maior visibilidade, José Daniel Ferrer, cuja organização também exercia o jornalismo cidadão, está preso há mais de seis meses.
Nesse período, foram detidos: Vladimir Turró, Jorge Enrique Rodríguez, Enrique Díaz, Nelson Álvarez Mairata, Yoanny Limonta, Ricardo Fernández Izaguirre, Jancel Moreno, Anderlay Guerra, Rolando Rodríguez Lobaina, Frank Correa e Lien Estrada, entre outros comunicadores. Alguns deles em mais de uma ocasião. Fernández Izaguirre foi preso durante mais de 24 horas em condições de espaço, privacidade, temperatura e iluminação muito semelhantes às que os padrões internacionais qualificam como tortura.
Os jornalistas Vladimir Turró, Yoe Suárez, Camila Acosta, Frank Correa, Abu Duyanah Tamayo e Iliana Hernández declararam ter recebido os avisos conhecidos como "actas de advertencia". Receber vários deles pode resultar em prisão ou multado.
As autoridades confiscaram os equipamentos de trabalho de Nelson Álvarez Mairata, Camila Acosta e Yoanny Limonta. Álvarez Mairata teve sua casa registrada e suas contas nas redes sociais hackeadas. Também teve sua casa registrada Yosleidy Romero, diretor do Instituto Cubano para a Liberdade de Expressão (ICLEP).
A Segurança do Estado tomou outras medidas de intimidação para familiares de jornalistas, como revisão exaustiva da bagagem da mãe de Henry Constantín quando saiu de Cuba; intimações para "entrevistas" com a polícia para a mãe de Yoe Suárez e o marido de Miriam Celaya; visitas e ameaças verbais para familiares de Ana León, Waldo Fernández Cuenca e Ariel Maceo. O jornalista Yoe Suárez também foi advertido que se continuasse trabalhando, sua esposa e seu filho teriam problemas.
Outra forma de agressão a jornalistas é a pressão sobre os proprietários das casas de aluguel em que residem, a fim de expulsar o jornalista, como aconteceu com Camila Acosta.
Vários jornalistas foram banidos neste período de sair do país: Reinaldo Escobar (chefe de redação de 14ymedio), Nelson Álvarez Mairata (youtuber e correspondente da ADN Cuba), Yoe Suárez (colaborador do Diario de Cuba e La Hora de Cuba), Rolando Rodríguez Lobaina (diretor da agência Palenque Visión), Ismario Rodríguez (da equipe de Periodismo de Barrio), Maikel González Vivero (diretor de Tremenda Nota), Camila Acosta (da Cubanet), Yoandy Izquierdo (membro do conselho da revista Convivencia), Regina Coyula (blogueira), Mario Félix Ramírez, Lien Estrada (editora e colaboradora de La Hora de Cuba, respectivamente) e Ricardo Fernández Izaguirre (colaborador de 14ymedio e La Hora de Cuba).
Esses jornalistas se somam aos que antes estavam "regulados" (eufemismo oficial para aqueles proibidos de sair de Cuba): Luz Escobar (14ymedio), Iliana Hernández (Cibercuba), Ana León (Cubanet), Waldo Fernández Cuenca, Yunia Figueredo, Osmel Ramírez e Boris González Arenas (Diario de Cuba), Rosalia Viñas (designer da revista Convivencia), Abraham Jiménez Enoa (El Estornudo), Inalkis Rodríguez Lora, Iris Mariño e Henry Constantín (La Hora de Cuba).
Os jornalistas Maikel González Vivero, Nelson Álvarez Mairata e Yandry Pérez García denunciaram que sofreram ameaças através do Facebook e do Twitter. Registrou-se também ciberbullying contra os jornalistas da comunidade LGBTI, Nelson Álvarez Mairata, Zekie Fuentes, Lien Estrada e Maykel González Vivero.
A perseguição também se estende às fontes. A diretora de uma escola foi expulsa de seu trabalho por conceder entrevista a Vladimir Turró sobre um problema de saúde pública. O influencer Miguelín David concedeu entrevista ao La Hora de Cuba e fez-se uma visita ao bairro de sua namorada. Foram interrogados e ameaçados Yoelvis Lamorú e outros vizinhos de um bairro depois que foi publicada uma matéria sobre seus problemas de eletricidade.
A ameaça mais habitual é a intimação policial, e os jornalistas são ameaçados de prisão. Isso aconteceu com Camila Acosta, Yunia Figueredo, Niober García Fournier, Carlos Melián, Mario Ramírez, Luz Escobar, Yoe Suárez, Carlos Manuel Álvarez, Miriam Celaya, Rudy Cabrera, Yanier Joubert, Abu Duyanah Tamayo e Lien Estrada.
Cristian Álvarez e Yasel Porto perderam seus empregos em meios de comunicação do governo, por publicar conteúdo irritante para as autoridades.
Nesse período foram bloqueados os seguintes websites relacionados com o jornalismo: La Joven Cuba, OnCuba, Periodismo de Barrio, Asociación Pro Libertad de Prensa e El Toque. Além disso, foi mantido o bloqueio dos sites de várias dezenas de outras mídias e ONGs relacionadas à liberdade de expressão. O monopólio estatal ETECSA vigia e censura a internet e impede que entre no país o sinal da Televisión Martí e de outros canais produzidos no exterior. Continua a perseguição aleatória de transmissores de televisão clandestina, assim como vigilância e censura de conteúdos distribuídos de maneira independente no El Paquete.