À medida que a campanha para as eleições presidenciais, marcadas para novembro, se acirra, jornalistas que fazem a cobertura do processo tornam-se vítimas de agressões. Paralelamente, a liberdade de imprensa e o direito à privacidade foram temas de debate após uma tentativa controversa de desbloqueio de dados encriptados.
Corey Lewandowski, gerente da campanha do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, foi detido e acusado de agredir Michelle Fields, ex-jornalista da Breibart News, depois de tê-la supostamente agarrado quando ela tentava fazer uma pergunta a Trump durante uma coletiva de imprensa.
O incidente ocorreu depois que o Clube Nacional de Imprensa expressou sua preocupação com o que qualificou de aumento das agressões e ameaças a jornalistas que cobrem a campanha para as eleições presidenciais. O Clube Nacional de Imprensa pediu também que os candidatos e suas equipes defendam a liberdade de imprensa e respeitem os jornalistas.
“Os Estados Unidos deveriam ser um exemplo para o resto do mundo na proteção do direito dos jornalistas de informar”, disse Thomas Burr, presidente do Clube Nacional de Imprensa.
O Departamento de Justiça travou uma batalha que durou 43 dias contra a empresa Apple para exigir que colaborasse com o Federal Bureau of Investigations (FBI) a fim de tentar acessar dados de um iPhone utilizado por um atirador da Califórnia, acusado de ter assassinado várias pessoas. Mais tarde o governo abandonou oficialmente a batalha, depois que uma entidade não identificada permitiu que os investigadores desencriptassem os dados.
O caso colocou em discussão o tema da privacidade em todo o país. O governo havia tentado desencriptar um código utilizado em produtos de alta tecnologia, alegando que o impedia de acessar informações críticas em investigações criminosas e sobre terrorismo. Porém, um grupo de empresas de tecnologia, entre elas Google, Facebook, Amazon, Cisco, Microsoft, Mozilla, Snapchat, Box, Slack, Yahoo, Intel e AT&T, e pesquisadores e encriptadores apoiaram a Apple na sua posição de que os dados sejam protegidos da forma mais segura possível.
A Comissão para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) assinou uma petição solicitando que o presidente Barack Obama comprometa publicamente os Estados Unidos a uma política de apoio a uma maior encriptação. A petição contou também com o apoio de trinta grupos que defendem a liberdade de imprensa e os direitos digitais. A CPJ declarou que a encriptação é um mecanismo fundamental para proteger os jornalistas e empresas de mídia, pois torna mais difícil que governos autoritários invadam sistemas de computadores e dispositivos de informação.
Jeffrey Sterling, ex-agente da CIA, cumpre desde junho passado pena de três anos e meio em uma penitenciária de Denver, Colorado, por espionagem. Sua esposa, Holly, outros denunciantes (whistleblowers) e mais de 100.000 pessoas assinaram uma petição solicitando o indulto presidencial. Sterling foi acusado de ter colaborado com James Risen, jornalista do The New York Times, no vazamento de detalhes sobre um complô da CIA contra um programa nuclear iraniano. A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) apoiou a petição da esposa de Sterling, assim como outras organizações, como a Freedom of the Press Foundation, Center for Media and Democracy, Restore the Fourth e Free Press, e a revista The Nation.
Durante vários meses, jornalistas e peticionários tentaram ter acesso a um vídeo mostrando um policial de Chicago atirando e ferindo mortalmente Laquan McDonald, de 17 anos. Funcionários municipais finalmente autorizaram a liberação. O jornal Chicago Tribune, ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação, entrou com três pedidos separados junto ao Departamento Jurídico da cidade, Departamento Policial e a Corregedoria da Polícia.
Dois projetos de lei que estão sendo debatidos na Assembleia Geral da Virgínia tentam impedir que os jornalistas tenham facilidade de acesso a informações sobre funcionários do governo local e estadual. Se forem aprovados, poderão afetar drasticamente a capacidade da imprensa de exigir que funcionários públicos sejam responsabilizados por seus atos. “A democracia depende da transparência e da prestação de contas”, disse Thomas Burr, presidente do Clube Nacional de Imprensa, ao se opor aos projetos de lei.
Com o restabelecimento das relações entre os Estados Unidos e Cuba, a Google anunciou que está trabalhando para levar a internet de alta velocidade à ilha. A empresa informou que está avaliando maneiras de expandir e melhorar o acesso à internet no local. Enquanto isso, a Etecsa, agência de telecomunicações de Cuba anunciou ter autorizado o artista Kcho a abrir no seu centro cultural o primeiro hub sem fio público do país. Kcho disse que pretende oferecer acesso gratuito à internet no centro cultural.
O Centro Internacional para Jornalistas (International Center for Journalistas – ICFJ) anunciou ter lançado o que chamou de programa inovador para levar jornalistas independentes cubanos para trabalhar em redações de Miami a fim de criar uma rede de aprendizado entre pares. A Fundação John S. and James L. Knight doou US$ 110.000 ao projeto. “Essa colaboração enriquecerá a cobertura nos dois países”, disse JoyceB, presidente do ICFJ.
Em novembro, o repórter de TV Jack Highberger, da KMSP-TV, afiliada da Fox, foi preso em uma rodovia de Minnesota junto com outras pessoas que protestavam contra um tiroteio naquela cidade envolvendo um policial.
Um pedido de Shoshana Walter e do Centro de Jornalismo Investigativo para ter acesso a informações públicas sobre um instrutor de armamento e tiro em Sacramento, Califórnia, foi negado inicialmente e posteriormente aceito.