A situação piorou em julho, com a renúncia do primeiro-ministro, Jean-Michel Lapin, que havia assumido o cargo de forma interina em março passado, quando o então chefe de governo, Jean Henry Ceant foi destituído pelo Parlamento.
Em substituição a Lapin, o presidente Moïse colocou Fritz William Michel, tecnocrata, mas na segunda semana de setembro um grupo de manifestantes da oposição ocupou o Senado para impedir que o novo primeiro-ministro fosse empossado.
Os protestos contra o atual presidente mantiveram a economia semiparalisada, e as diferenças entre o Poder Executivo e o Parlamento não permitiram a formação de um novo governo.
Rospide Pétion, jornalista da emissora local Radio Sans Fin (RSF), foi morto em Porto Príncipe no dia 10 de junho durante protestos que pediam a renúncia do presidente Jovenel Moïse. Pétion, de 45 anos, voltava para casa num automóvel da emissora quando um desconhecido atirou contra ele. Na sua última transmissão, ele havia acusado Moïse de corrupção e mencionado um ataque em que três veículos da Radio Télé haviam sido incendiados.
Durante esse período de escalada da violência, ficaram feridos os repórteres Michel Dominique e Esdra Jeudy, colegas de Pétion na RSF; o jornalista Richardson Jourdan, da TNH08, e o repórter gráfico do jornal Le Nouvelliste, Lesly Dorcin. Houve também um ataque armado à rádio Zenith FM. Em 16 de julho, Kendi Zidor, editorialista do jornal Le National e redator-chefe da rádio Solidarité foi baleado em um bairro a leste de Porto Príncipe enquanto dirigia seu carro.
Em 23 de setembro, o senador Jean-Marie Ralph Fethiere, do partido do governo, atirou em manifestantes em frente ao Parlamento em Porto Príncipe e feriu um fotógrafo da Associated Press na mandíbula.
Após o assassinato de Pétion e dos constantes ataques à imprensa, a Associação Nacional de Mídia Haitiana (ANNH, em francês) e a Associação de Mídia Independente do Haiti (AMIH) pediram segurança para seus integrantes e total liberdade para realizar seu trabalho.
Já se passou um ano desde que o fotojornalista Vladjimir Legagneur desapareceu e as autoridades ainda não esclareceram o caso, apesar da insistência da família da vítima, da mídia nacional e de organizações dedicadas à defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos.
Legagneur desapareceu em 14 de março de 2018 e a polícia apenas informou ter encontrado um corpo no bairro onde o fotojornalista foi visto pela última vez e que o submeteria a testes de DNA, que ainda não foram realizados.
Mais de dez jornalistas haitianos foram assassinados desde o ano 2000. Em 2013: Georges Henry Honorat, responsável pelo semanário Haïti Progrès, e Pierre-Richard Alexandre, correspondente de uma emissora de rádio nacional; em 2012, Benson Roc, correspondente da rádio Contact FM, e Jean Liphète Nelson, diretor da rádio Boukman; em fevereiro de 2011, o jornalista Jean Richard Louis Charles.
Entre os casos mais conhecidos estão os assassinatos de Jean Dominique, em 3 de abril de 2000, e o de Jacques Roche, cujo corpo foi encontrado em 14 de julho de 2005, após seu sequestro, quatro dias antes. Além desses, o assassinato do fotógrafo independente Jean-Rémy Badio, em 19 de janeiro de 2007, do locutor da rádio François Latour, em 23 de maio de 2007, e Alix Joseph, diretor administrativo e locutor da Radio-Télé Provinciale de Gonaïves, em 16 de maio de 2007.