Durante este período, a liberdade de imprensa foi afetada por alguns eventos positivos que diluíram, em parte, a censura oficial praticada pelo governo do ex-presidente Rafael Correa. Em 1º de agosto, a Superintendência de Informação e Comunicação (Supercom), órgão de censura do governo da época do correísmo, foi desintegrada. Uma sentença da Corte Constitucional anulou as sentenças contra o jornal La Hora relacionadas a retificações que haviam sido ordenadas pelo governo anterior, e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recomendou que o governo indenizasse, por danos morais e financeiros, os diretores e um ex-colunista do jornal El Universo por terem sido perseguidos e hostilizados por Correa.
Parentes dos jornalistas do El Comercio que foram mortos em abril de 2018 em Mataje, na fronteira entre Colômbia e Equador, criticaram a lentidão das investigações da Procuradoria-Geral e o silêncio do governo equatoriano diante de um novo vídeo que mostra as vítimas e que havia sido enviado como prova de vida pela frente Oliver Sinisterra. A Procuradoria-Geral está convocando funcionários de alto escalão que tiveram alguma relação com as informações sobre o sequestro para declarações. Uma nova tese é que Paúl Rivas, Javier Ortega e Efraín Segarra morreram em movimento e não por execução. Segundo revelações da autópsia publicada pelo portal Código Vidrio e pelo El Espectador da Colômbia, eles teriam recebido "vários tiros do lado esquerdo do corpo, nas costas, e em uma trajetória de baixo para cima". Os três foram sequestrados no dia 26 de março na zona fronteiriça e teriam sido mortos no dia 7 de abril.
Continua sem punição o assassinato do jornalista Fausto Valdiviezo, que foi morto no dia 11 de abril de 2013. Ele foi baleado três vezes quando saía da casa de sua mãe. Uma audiência foi marcada para o dia 18 de abril, e incluiria o depoimento de 52 testemunhas, mas apenas cinco testemunhas compareceram. Continuam as investigações para descobrir o motivo do crime.
No dia 10 de maio, foi anunciado que "nenhum funcionário ou servidor está autorizado a dar declarações à mídia ou a jornalistas sobre operações, investigações ou assuntos de interesse institucional ou semelhantes". O Protocolo da Procuradoria-Geral para porta-vozes e entrevistas com a imprensa estabelece que a única pessoa autorizada a falar com a imprensa é o procurador-geral da República e o responsável designado para cada província. Se um(a) funcionário(a) for abordado(a) por um jornalista, deve ser dispensado(a) de fazer declarações.
No dia 31 de maio, o Comitê Interinstitucional para a Proteção dos Jornalistas e Profissionais da Comunicação realizou uma reunião com representantes do governo, mas não incluiu os setores jornalísticos, gerando mal-estar na Fundamedios e no Sindicato Nacional dos Jornalistas (UNP, em espanhol).
No dia 1º de agosto, a Superintendência de Informação e Comunicação (Supercom) foi oficialmente dissolvida após seis anos em operação e 1.212 casos contra a imprensa. O fechamento da Supercom havia sido estabelecido na reforma da Lei das Comunicações. O ex-diretor dessa entidade, Carlos Ochoa, continua foragido.
No dia 17 de julho, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu um relatório detalhado a favor do El Universo na ação judicial movida contra o Estado e relacionada à sentença de 2012 executada no Equador contra três diretores do jornal, Carlos, César e Nicolás Pérez, e seu ex-editor de opinião, Emilio Palacio.
Em 4 de setembro, em uma decisão unânime contra a mordaça, a Corte Constitucional (CC) anulou duas sentenças da época do correísmo contra o jornal La Hora. Em 2012, o Estado moveu uma ação de proteção contra o jornal por ter supostamente violado o direito à informação veraz e o direito a retificação. O recurso foi aceito em 2012 e ratificado em 2013 pela corte provincial de Pichincha. Segundo os magistrados, o La Hora violou tais direitos por não publicar uma retificação do artigo intitulado "2012: 71 milhões em propaganda", que reproduzia informações da Corporação de Participação Cidadã e incomodou o governo de Rafael Correa. A Corte Constitucional estabeleceu, na sua decisão, que os juízes que julgaram a ação de proteção estavam equivocados, uma vez que o recurso era improcedente.
Em cumprimento às normas, a Corte Constitucional deu um passo importante no sentido da plena aplicação do direito à liberdade de expressão no país. A decisão gera jurisprudência ao afirmar que o Estado "não detém os direitos à honra, informação verdadeira e retificação", e que por isso as ações de proteção movidas por instituições públicas contra pessoas físicas pela suposta violação de tais direitos não procedem.
Em março, Daniel Mendoza, integrante da Alianza PAIS, apresentou o projeto de Lei Orgânica sobre o uso responsável das redes sociais, que foi posteriormente rejeitado. O objetivo do projeto era regulamentar o ódio nas redes sociais e proibir a difusão de notícias falsas ou informações obtidas de fontes que não sejam oficiais.
Outros fatos de destaque nesse período:
Em 11 de abril, o governo do presidente Lenín Moreno suspendeu o status de asilo diplomático para o fundador do Wikileaks, Julian Assange, que por disposição de Correa estava refugiado desde 2012 na embaixada do Equador em Londres. Após a decisão, Assange foi preso pela polícia britânica. Moreno explicou que suprimiu o direito de asilo de Assange pela "permanente interferência política nos assuntos internos de outros países" e porque "ele violou repetidamente as convenções de asilo" durante sua permanência na sede diplomática.
Em 19 de abril, dezenas de funcionários e ex-funcionários dos meios de comunicação confiscados – Gamavisión, Cable Visión, América Visión, Súper K 800 e Editorial Uminasa – exigiram ao Instituto Equatoriano de Previdência Social (IESS, em espanhol) o pagamento de seus salários, décimos terceiros salários e contribuições.
Em 21 de abril, a Agência de Regulação e Controle das Telecomunicações (Arcotel) abriu o primeiro concurso público para a concessão de frequências disponíveis para serviços de radiodifusão de sinal aberto para meios de comunicação privados e comunitários nas províncias de Santa Elena, Loja, Morona Santiago e Galápagos.
No dia 28 de junho, o jornalista Luis Alvarado foi detido durante pelo menos uma hora por ter fotografado uma operação policial nas ruas 11 e Huancavilca. Alvarado disse que viu a polícia prender duas pessoas, tirou fotos para seu registro jornalístico, e que os policiais pediram que mostrasse sua identificação, o que ele fez. No entanto, disseram que o levariam a um procurador da unidade de flagrantes por suposta "violação de intimidade".
Em 29 de junho, simpatizantes do presidente do Conselho para a Participação Cidadã e Controle Social (CPCCS), José Tuárez, agrediram verbalmente vários jornalistas que cobriram a sessão do Conselho para a Participação Cidadã e Controle Social na cidade de Guayaquil.
Em 31 de agosto, o ministro das Telecomunicações, Andrés Michelena, garantiu que o processo de concessão de frequências começará nos próximos meses e terminará em 2020. A primeira fase será em outubro, para a televisão. A fase para estações de rádio FM será entre o final de novembro e início de dezembro, e a fase para AM será em janeiro.
Em 20 de setembro, o Twitter eliminou 1.019 contas no Equador associadas ao movimento Alianza PAIS. A rede, constituída por contas falsas, se dedicava a influenciar e alterar tendências de forma fraudulenta, violando a regra de autenticidade da plataforma.
No dia 27 de setembro, jornalistas da RTS, TC Television e Carchi News 1 foram agredidos pela polícia em meio a protestos sociais em Tulcán. No mesmo dia, manifestantes atacaram um correspondente da Teleamazonas durante a cobertura de um protesto contra a mineração na província de Bolívar.