Nicarágua

Aa
Reunião de Meio de Ano
Março de 2020
$.-

A situação da liberdade de imprensa e a situação política e econômica não melhoraram nesse período.

O país está em estado de sítio. A Polícia Nacional ou "polícia orteguista" não permite nenhuma reunião em espaços públicos, nos centros comerciais, e ataca seriamente os jornalistas que cobrem esses eventos, retirando-lhes suas câmaras e telefones celulares. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs várias sanções ao país como devido a essa repressão policial.

Houve poucas exceções positivas, como a devolução dos insumos do La Prensa, um embargo suspenso depois de 500 dias, graças à mediação do núncio apostólico, monsenhor Waldemar Sommertag. O governo também libertou 91 presos políticos em 30 de dezembro de 2019 e outros nove em 14 de fevereiro. Outros 59 presos políticos continuam presos.

Faltando 19 meses para as eleições gerais, o secretismo não melhorou. A hegemonia dos meios de comunicação do governo e da família do presidente continua, apesar de seu pequeno público.

As sedes e os equipamentos confiscados dos meios de comunicação há um ano, como foi o caso de Confidencial – os programas "Esta Noche" e "Esta Semana" – e do 100% Noticias não foram devolvidos. Mantém-se a proibição de transmissão aberta por cabo. O sinal do YouTube da 100% Noticias foi interrompido pelo governo desde a segunda semana de março, desde que o Canal 4, de propriedade da família do presidente Ortega apresentou 44 queixas relacionadas a publicações feitas entre 2013 e 2015. A 100% Noticias retirou várias de suas publicações dos canais oficiais e semioficiais, como o Canal 4, os únicos em que o governo autoriza a publicar informações oficiais.

A fundação Violeta B. de Chamorro realizou um estudo sobre a Lei de Acesso a Informação Pública em 65 instituições do governo. Entre elas, 57 têm um website, mas apenas 26 têm um link com o Gabinete de Acesso a Informações. Foram feitos 57 pedidos de informações online e apenas três receberam resposta. Dos 31 pedidos feitos fora dos websites, apenas quatro receberam resposta. Observou-se que a propaganda partidária é o que mais se destaca nesses websites, que oferecem poucas informações.

Em 25 de fevereiro, dia que se comemorou o 30º aniversario da derrota de Ortega por Violeta de Chamorro, uma coalizão da oposição organizou protestos em diferentes locais que foram atacados pela polícia, que também agrediu jornalistas. A vice-presidente, Rosario Murillo, também alvo de sanções dos Estados Unidos, ordenou que a polícia aumentasse sua patrulha nas principais cidades para impedir "qualquer tentativa perversa para abalar a paz". Enquanto Murillo discursava, mais de 100 policiais da tropa de choque agrediam seis jornalistas no Centro Comercial Metrocento.

Jaime Arellano, comentarista de televisão, e Lolo Blandino convocaram um protesto. Como resposta, a polícia cercou suas casas para não permitir que ninguém entrasse ou saísse durante cinco dias. O La Prensa também foi perseguido por várias patrulhas da tropa de choque que permanecem diante de suas instalações, mas ninguém foi preso.

Na missa de corpo presente do poeta e sacerdote Ernesto Cardenal, grupos sandinistas agrediram os religiosos e vários jornalistas, como Ham Lawrence de Managua Investiga, que teve que ser hospitalizado.

A Fundação Chamorro informou que identificou 21 novas plataformas informativas em versão digital depois da rebelião cívica de 2018.

Compartilhar

0