Paraguai

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Reunião de Meio de Ano 2020
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A liberdade de imprensa atravessa um período complexo devido à proximidade das eleições, à crise na saúde causada pelas epidemias de dengue e do coronavírus e à violência contra os jornalistas.

Em 12 de fevereiro, o jornalista brasileiro Léo Veras foi assassinado por pistoleiros no quintal de sua casa, na cidade fronteiriça de Pedro Juan Caballero. O crime destacou a nítida ligação entre a política e o tráfico de drogas e suas consequências nos ataques a jornalistas.

Vera era dono do site Porã News e trabalhava como fotojornalista e correspondente para vários meios de comunicação brasileiros. No período em que trabalhou na redação regional do ABC Color, Veras teve proteção policial por ter recebido várias ameaças.

Como parte da investigação do crime, foram realizadas batidas em Pedro Juan Caballero e a polícia prendeu vários suspeitos, todos ligados à rede criminosa liderada pelos traficantes Sergio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como Minotauro; Ederson Salinas Benítez, conhecido como Ryguasu, ambos presos no Brasil, e Marcio Sánchez, conhecido como Aguacate.

Em março, profissionais da imprensa de Pedro Juan Caballero exigiram garantias para exercerem sua profissão perante os membros do Comitê Interinstitucional de Proteção a Jornalistas.

O chefe dos correspondentes do ABC Color em Pedro Juan Caballero, Cándido Figueredo, recebe ameaças de traficantes de drogas há 24 anos e oito meses por causa do seu trabalho e já foi vítima de quatro ataques, dois à sua casa, que foi crivada de balas, e dois contra seu carro.

A promotora Reinalda Palacio pediu à polícia que instaurasse mecanismos de proteção para o correspondente do ABC Color, Gilberto Ruiz Díaz, e sua família por causa das ameaças recebidas.

Em outubro, o Ministério da Educação e Ciência (MEC) assinou um contrato para a compra de 2.760 cadernos e 138 projetores com a Data Lab, a empresa que apresentou o maior orçamento durante a licitação. Quando questionado sobre os motivos para essa decisão aparentemente contraproducente, o ministro da Educação, Eduardo Petta, não forneceu as explicações solicitadas e chamou os jornalistas de mentirosos.

Em outubro, uma ação movida pela ex-ministra de Tributação, Marta González Ayala contra a diretora do jornal ABC Color e um dos seus jornalistas foi levada a tribunal depois de a defesa rejeitar qualquer acordo. A ex-ministra solicitou reparações de mais de US$ 1.400.000 por matérias relacionadas a irregularidades cometidas durante a sua administração. A ação está pendente de julgamento.

Em novembro, os moradores da cidade de Capiibary, departamento de San Pedro, mobilizaram-se em apoio ao radialista Bruno César Benítez (49), acusado de tentativa de assalto à mão armada e coerção. Benitez tem um programa em uma estação de rádio local. Os habitantes do local suspeitam que a denúncia é uma tentativa de impedir seu trabalho jornalístico, já que ele permite que líderes camponeses se expressem na rádio e critica funcionários da Procuradoria.

Teve início em fevereiro o julgamento oral e público do jornalista Edgar Chilavert, que está preso desde outubro de 2018 acusado de abuso sexual de um menor, apesar de os peritos forenses não terem encontrado elementos que o implicassem no crime de que é acusado. As testemunhas apresentadas pelo promotor acabaram por acusá-lo de forçá-las a mentir. O médico-legista do Ministério Público confirmou perante o tribunal que não houve abusos.

Antes de ser apresentada a denúncia contra ele, Chilavert, jornalista da Rádio Aquidabán FM, em Concepción, havia exposto publicamente atos de corrupção na venda do porto de Concepción, capital do Departamento do mesmo nome, realizada pelo prefeito Alejandro Urbieta com a permissão da Câmara Municipal.

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