No seu primeiro mandato, o presidente Obama decepcionou bastante os ativistas da mídia ao processar de forma agressiva, e com suporte das leis contra espionagem, os whistleblowers, pessoas que fizeram denúncias sobre o governo, apesar de ter afirmado que seu governo seria aberto e transparente.
Obama foi elogiado, porém, em novembro de 2012, quando assinou a nova lei para proteção aos whistleblowers. Conhecida com Whistleblower Protection Enhancement Act, ela aumenta a proteção para servidores federais que denunciarem irregularidades de conduta, fraude e ações ilícitas.
O governo Obama moveu mais ações contra servidores públicos por supostos vazamentos de informação com apoio da Lei contra Espionagem de 1917 que os governos anteriores combinados, até o período do governo Reagan. A acusação de seis pessoas segundo a Lei sobre Espionagem foi criticada por aqueles que afirmam que a atitude do presidente é uma recusa a aceitar opiniões discordantes e limita a liberdade de imprensa.
Outro fato a mencionar é que empresas de mídia dos Estados Unidos têm sido alvo de ataques cada vez mais constantes de hackers chineses. Em fevereiro, a empresa de segurança cibernética Mandiant Corp publicou um relatório que supostamente ligava uma série de ataques cibernéticos feitos a empresas de mídia nos Estados Unidos a uma unidade do Exército da Libertação do Povo em Xangai.
Em janeiro, John C. Kiriakou tornou-se o primeiro agente da CIA a ser condenado à prisão por vazar informações confidenciais à mídia. Kiriakou, de 48 anos, foi condenado a 30 meses de prisão por divulgar o nome de um agente secreto da CIA a repórteres e informações sobre o uso de uma técnica proibida de interrogatório conhecida como water-boarding (afogamento simulado).
Kiriakou é a sexta pessoa processada pelo governo americano, entre atuais e ex-funcionários do governo, por divulgar informações confidenciais à mídia durante o governo Obama, número superior a todos os governos anteriores combinados, de acordo com o The New York Times.
Bradley Manning, analista que supostamente forneceu centenas de milhares de documentos confidenciais do governo ao WikiLeaks, está sendo processado pelo governo dos Estados Unidos por ter supostamente fornecido material confidencial ao WikiLeaks, site de Julian Assange que defende o fim do sigilo.
O governo dos Estados Unidos considera essas ações como uma ameaça à sua segurança nacional. Se for condenado, Manning, de 25 anos de idade, poderá ficar confinado sob custódia militar para o resto da vida. Mas defensores dos whistleblowers têm protestado em todo o mundo contra sua situação.
Manning, ex-analista de inteligência militar, responde a 22 acusações por ter vazado centenas de milhares de informações de cabos diplomáticos confidenciais, informações das guerras do Afeganistão e Iraque, e vídeos de ações militares norte-americanas. A acusação mais séria, de conivência com o inimigo, afirma que ele contribuiu para a publicação de segredos do Estado na internet sabendo que a al-Qaeda teria acesso a eles.
A lei assinada pelo presidente Obama em novembro de 2012 aumenta a proteção para os servidores federais que tomarem conhecimento de desperdício, fraude ou abuso no governo federal, e aumenta as penalidades para violações das proteções, mas acrescenta também um ombudsman às equipes de vários órgãos federais, responsável por educar os funcionários desses órgãos sobre seus direitos.
Os analistas de mídia dizem que a lei é um passo modesto, porém significativo, apesar de os servidores federais ainda não terem a maioria dos direitos básicos disponíveis aos whistleblowers do setor privado.
O governo Obama defende seu uso da Lei sobre Espionagem alegando questões de segurança nacional. O Departamento de Justiça argumenta que existem procedimentos estabelecidos que os funcionários do governo devem cumprir se desejarem denunciar irregularidades, e que os funcionários do governo que tiverem em seu poder informações confidenciais não têm autoridade ou direito de decidir de forma unilateral se elas devem ser divulgadas ao público ou não.
De acordo com várias fontes, a Comissão Federal de Comunicações (FCC) poderá revogar a lei de 1975 que proíbe a propriedade cruzada de jornais e estações de radiodifusão. Segundo o The New York Times, a mudança proposta permitiria que uma empresa fosse proprietária de um jornal, duas estações de TV e de até oito estações de rádio no mesmo mercado de mídia.
Os que apoiam a revisão da lei argumentam que a desregulamentação parcial das normas sobre propriedade cruzada garantirá o tão necessário investimento para os jornais locais que enfrentam problemas, ao passo que os críticos temem que as mudanças propostas possam ameaçar a diversidade da mídia e enfraquecer os veículos locais.
As empresas de mídia, inclusive jornais, apoiam a mudança. Caroline Little, CEO e presidente da Associação de Jornais da América (Newspaper Association of America) escreveu um artigo de opinião para o site Politico argumentando que a proibição da FCC de propriedade cruzada superou sua proposta original e não atende mais ao interesse público. A Associação Nacional de Emissoras sugeriu afrouxar a proibição para os 20 principais mercados e 50 maiores cidades, de acordo com Bloomberg.
Doze das principais organizações de mídia do mundo, inclusive Gannett Co. Inc., The New York Times Co., News Corp., Bloomberg e Associated Press, se posicionaram contra processos sigilosos de arbitragem em Delaware para disputas comerciais complexas.
As empresas de mídia e as organizações de defesa da mídia alegam que processos sigilosos são basicamente julgamentos civis presididos por juízes do tribunal de direito societário mais importante do país.
Assim, os processos e opiniões devem ser totalmente abertos ao público, como defendem relatórios feitos pelo The Reporters Committee for Freedom of the Press e Public Citizen.
Delaware é tão importante em direito societário que suas decisões ditam o funcionamento das maiores empresas dos Estados Unidos, inclusive as obrigações dos seus diretores. Quase um milhão de entidades comerciais, inclusive mais de metade de todas as empresas de capital aberto, escolhem o estado de Delaware como sua base de constituição legal. Por isso, o conjunto das disposições de direito societário de Delaware é o código comercial de facto do país.
Hackers chineses escolheram jornalistas americanos como alvo de uma campanha mais ampla de espionagem por computador contra empresas de mídia norte-americanas que fizeram matérias sobre empresas e líderes chineses.
Em fevereiro, a empresa de segurança cibernética Mandiant Corp publicou um relatório que supostamente indicava que os ataques às empresas de mídia norte-americanas haviam sido feitos por uma unidade do Exército da Liberação do Povo.
O Ministro de Defesa da China emitiu uma declaração negando as acusações e chamou-as de não profissionais. A Mandiant disse que a unidade havia roubado centenas de terabytes de dados de pelo menos 141 organizações de vários setores desde o início de 2006.
No ano passado, a Bloomberg News foi alvo de hackers chineses, de acordo com a Bloomberg. Os hackers chineses atacaram diversas vezes o The New York Times, infiltrando-se em seus sistemas de computador e obtendo senhas de seus repórteres e outros empregados.
Os ataques coincidiram com a divulgação de uma reportagem do site do The New York Times, em 25 de outubro, que revelava que parentes de Wen Jiabao, primeiro-ministro da China, haviam acumulado uma fortuna de vários bilhões de dólares por meio de negociações comerciais.
Especialistas em segurança contratados pelo The New York Times para detectar e bloquear os ataques a computador reuniram evidências digitais de que os hackers chineses, usando métodos que alguns consultores associaram ao exército chinês no passado, entraram na rede do The New York Times. Eles violaram contas de e-mail do seu chefe de redação em Xangai, David Barboza, responsável pelos artigos sobre os parentes do Sr. Wen, e Jim Yardley, chefe de redação do The New York Times no Sul da Ásia para a Índia, que havia trabalhado como diretor de sucursal em Berlim.
Segundo os especialistas em segurança da Mandiant, companhia contratada pelo The New York Times, os hackers tentaram ocultar a fonte dos ataques ao jornal entrando primeiro em computadores de universidades dos Estados Unidos e direcionando os ataques a partir daí. Essa técnica é semelhante à utilizada em vários outros ataques cuja origem a Mandiant associou à China.
Especialistas em segurança encontraram provas de que os hackers roubaram senhas corporativas de empregados do The New York Times e as utilizaram para acessar computadores pessoais de 53 empregados, a maioria deles fora da redação do jornal. De acordo com os especialistas em segurança, nenhum dado de clientes foi roubado do The New York Times.
Madrid, Espanha