O controle de todos os Poderes do Estado e o encurralamento governamental dos meios de comunicação continuam, ano após ano, desde que Daniel Ortega recuperou a Presidência em janeiro de 2007.
Existe falta total de acesso às informações públicas apesar da existência de uma lei de Acesso. Os órgãos públicos não permitem que os jornalistas independentes assistam a conferências de imprensa e eventos oficiais e os funcionários públicos são demitidos de seus cargos quando dão declarações à mídia independente. Ortega não fez nenhuma conferência de imprensa nem concedeu entrevista.
Continua um duopólio televisivo integrado pela família do Presidente que controla os canais 4,8,13,22 e o canal 6 (estatal), e pelo empresário mexicano Ángel González que controla os canais 2,7,9,10,11,17,19,25,32 e 38.
As rádios comunitárias não estão fora de perigo. A agência reguladora das telecomunicações, TELCOR, fechou cinco rádios comunitárias e dois canais a cabo regionais. Em 24 de fevereiro deste ano, funcionários da TELCOR, sem dar explicações e sem ordem judicial, fecharam e confiscaram os equipamentos da Rádio Emperador de Rivas. Supostamente, o motivo é que a rádio tinha um noticiário, Al Día, que abria os microfones para o movimento campesino contra o canal interoceânico.
O Poder Executivo continua a sua estratégia inicial de somente divulgar informações por seus meios de comunicação, onde a primeira dama, Rosario Murillo, lê um relato diário sobre todas as tarefas do governo "para não contaminar as informações oficiais".
Por imposição da TELCOR, as estações de TV devem transmitir sempre que solicitado pelo Sistema Nacional de Prevenção, Mitigação e Atendimento a Desastres da Nicarágua, mas esta providência só é adotada quando Ortega fala em comemorações do partido, quando são desativados todos os canais a cabo.
A publicidade governamental é administrada a critério do governo e só se destina à mídia que o apoia ou aos meios já neutralizados. Os jornalistas que têm seus próprios horários de reportagens nas radioemissoras do interior são os que mais sofrem a falta de publicidade governamental.
Outro perigo para os jornalistas é o das agressões que sofrem por multidões de partidários do governo. Em 11 de novembro, durante uma "Quarta-feira de Protesto" realizada por alguns partidos de oposição em frente ao Conselho Supremo Eleitoral, exigindo eleições livres e cumprimentos das normas eleitorais nacionais e internacionais, vários manifestantes e jornalistas foram agredidos por grupos violentos que supostamente também protestavam, porém escondendo o rosto com gorros.
Os jornalistas do La Prensa, Emiliano Chamorro e Xochilt Gutiérrez; o cinegrafista do canal 14, Luis Mora; a jornalista da ACAN EFE, René Lucía, e a jornalista Lenín Franco de Sucesos do canal 8 (canal governista) também foram agredidos e um deles teve roubada a sua câmera. Houve também ataques a jornalistas de outros meios de comunicação, como o Canal 23 e a Rádio Corporación.
Em 22 de outubro, Francisco Torres e Armando López, dois jornalistas gráficos de Notimatv, um jornal local da cidade de Matagalpa, foram agredidos por supostos funcionários do Ministério da Saúde por tentar obter uma manifestação do Ministério sobre denúncia de negligência médica.
O Governo continua a sua política de deportar personalidades que visitam o país com o objetivo de dar conferências sobre direitos humanos, liberdade de imprensa e outros temas desagradáveis para o regime. Estas pessoas são detidas no aeroporto e embarcadas de volta no primeiro avião disponível.
Em 7 de março, os jornalistas Diana Calderón do Grupo Megavisión e Isaac Mejía da TVO Canal 23, ambos de El Salvador, foram detidos em dois pontos distintos da fronteira ao tentarem cobrir uma partida amistosa entre as seleções dos dois países. Foram inúteis os esforços da Federação de Futebol, FENIFUT, e da Chancelaria de El Salvador.
Devido à censura do Governo, as redes sociais conquistam cada vez mais espaço e incentivam mobilizações e protestos. Muitos jovens responderam a uma mensagem que dizia: "É muito cômodo criticar através do seu computador e não fazer nada", apoiando uma reclamação de aposentados contra o órgão de Seguro Social. O governo teve que ceder.
Outra intervenção importante das redes sociais foi a mobilização campesina contra o projeto do canal interoceânico. Todos os controles do governo foram inúteis para impedi-la.
O governo, por outro lado, formou brigadas de jovens que tentam monitorar, neutralizar e responder às manifestações críticas ou que obrigassem os meios de Ortega a tratar de temas que de outra forma teriam sido ignorados.