Este foi um dos períodos com o maior número de agressões contra os meios de comunicação e jornalistas. Entre abril e outubro sete jornalistas foram assassinados: Aurelio Campos, Pedro Tamayo, Salvador Olmos García, Zamira Esther Bautista, Elpidio Ramos Zarate, Manuel Torres e Francisco Pacheco Beltrán. Desde o começo do ano 11 jornalistas foram assassinados.
Segundo registros da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), desde 2000 até 16 de setembro de 2016 houve 118 homicídios de comunicadores, além de 20 desaparecidos desde 2005 e 49 atentados contra a mídia desde 2006.
A cada 22 horas, um jornalista ou meio de comunicação sofreu agressões, embora muitas delas não tenham sido documentadas, pois o medo de represálias impede as denúncias.
Entre agressões físicas, detenções arbitrárias e ameaças, 165 foram perpetradas por funcionários estaduais, municipais e, em menor número, federais.
Veracruz encabeça a lista de agressões, com 69 vítimas, seguida da Cidade do México com 67, Guerrero com 57, Puebla com 39 e Oaxaca com 37. Sessenta e seis por cento das agressões se concentram em cinco estados do país.
A CNDH estima que 251 repórteres fugiram do seu lugar de origem pelas ameaças de morte que receberam. A maioria desses comunicadores se desloca sem o apoio do governo federal. Às vezes recebem apoio de outros jornalistas, pois não há credibilidade nos mecanismos de proteção. A própria CNDH ofereceu medidas cautelares e acompanhamento para vários jornalistas que receberam ameaças. Entre eles, estão: Denise Maerker, Héctor de Mauleon, Julio Hernández, Olivia Zeron e Rafael Pérez.
Em um ambiente de guerra como o que se vive em Veracruz, Guerrero, Tamaulipas, Coahuila e na maioria dos estados, a tarefa da imprensa incomoda os governos estaduais e municipais – que exercem o poder como vice-reis – e os chefões das drogas que precisam corromper e chegar a um acordo com essas mesmas autoridades.
Muitos jornalistas foram vítimas de torturas e seus corpos mutilados com a intenção de espalhar terror e silenciar a imprensa.
Em 2015, houve 84 agressões contra mulheres jornalistas, segundo reportagem de Artículo 19.
A Internet se converteu em uma nova arma para ameaçar as jornalistas mediante perseguição, assédio sexual, ameaças, campanhas de desmoralização com forte conotação sexual, fotomontagens divulgadas com a intenção de estigmatizar a vítima, além da publicação de fotografias e material privado.
Dos 30 ataques cibernéticos documentados em 2015 por Artículo 19, 15 ocorreram no estado de Puebla; destes, 14 contra as versões digitais da mídia impressa: Centro, com 10 e La Jornada de Oriente, com quatro.
Em Puebla, o governo de Rafael Moreno Valle, com 39 atentados a jornalistas, adquiriu programas e software com objetivos criminosos, desenvolvidos para espionar e vigiar ilegalmente políticos, jornalistas e opositores. Ele foi identificado como um dos principais clientes de Hacking Team, empresa desenvolvedora deste tipo de recursos.
A ausência de proteção e resposta do Estado é notável e, além disso, a maior parte dos criminosos é de funcionários públicos, com 165 em comparação com 35 elementos do crime organizado ou 34 de partidos políticos em 2015.
Em nível internacional, o Governo alega combater as agressões a jornalistas através da Promotoria Especial para a Acompanhamento de Crimes cometidos contra a Liberdade de Expressão (FEADLE, em espanhol), da Procuradoria Geral da República, embora sejam poucos os resultados positivos em seis anos.
Entre outras deficiências identificadas nas investigações oficiais do desaparecimento de jornalistas, nota-se a lentidão para iniciar os protocolos de busca, falta de coordenação entre as autoridades, abertura de inquéritos repetidos, recusa em fornecer informações precisas, dúvidas sobre as atividades e criminalização das vítimas.
Entre os aspectos positivos, destaca-se que nos dias 11 e 30 de março foram detidos Enrique Benjamín Solís Arzola, ex-prefeito de Silao, em Guanajuato, e Nicasio Aguirre Guerrero, ex-chefe da polícia de Silao, apontados como autores intelectuais da agressão contra a jornalista do El Heraldo, Karla Silva Guerrero, e sua companheira Adriana Palacios, nos escritórios do jornal em 4 de setembro de 2014.
Existem denúncias de que em alguns casos de desaparecimento de jornalistas as promotorias estaduais e a própria PGR se recusaram a fornecer os dados solicitados pelos parentes das vítimas. É o caso dos jornalistas Ramón Ángeles Zalpa, do jornal Cambio de Michoacán, desaparecido desde 6 de abril de 2010 e Sergio Landa Rosado, do Diario Cardel de Veracruz, de paradeiro desconhecido desde 22 de janeiro de 2013.
Principais agressões nesse período:
Em 25 de abril foi assassinado Francisco Pacheco Beltrán, correspondente da Radio Capital em Taxco, Guerrero. Recebeu dois tiros quando voltava para casa após deixar sua filha na escola. Sua atividade principal era seu modesto portal Pacheco Digital, onde denunciava uma agressão ao hotel que hospedava a polícia federal.
Em 14 de maio, foi assassinado Manuel Torres, editor do site digital "Noticias MT", em Poza Rica, Veracruz. Recebeu um tiro na cabeça ao chegar à sua casa.
Em 19 de junho, foi assassinado Elpidio Ramos Zárate, repórter de El Sur, Diario Independiente del Istmo, em Juchitán de Zaragoza, Oaxaca. O crime ocorreu depois de fazer a cobertura da retirada de professores e também de ter captado imagens de saqueadores no comércio. Ele foi morto a tiros, e outros acompanhantes foram feridos, entre eles Raúl Cano López, irmão do diretor do diário Hechos.
Em 20 de junho, foi assassinada Zamira Esther Bautista, jornalista independente e professora, em Ciudad Victoria, Tamaulipas.
Em 26 de junho, foi assassinado Salvador Olmos García. Apresentava o programa "Pitaya negra" na rádio comunitária Tu un Ñuu Savi (termos indígenas do povo da chuva), em Huajuapan, Oaxaca. A polícia local o agrediu e atropelou, após ele denunciar perseguição por veículos sem placa que assediavam a estação de rádio onde prestava colaboração.
Em 20 de julho, foi assassinado Pedro Tamayo, colaborador do El Piñero de Cuenca, em Tierra Blanca, Veracruz. Foi assassinado com vários tiros por dois agressores. Tamayo recebia proteção da segurança pública por ameaças anteriores por documentar casos de violência em sua cidade natal.
Em 14 de setembro, foi assassinado Aurelio Campos, diretor do semanário El Gráfico de la Sierra em Huauchinango, Puebla. Foi atacado a tiros quando circulava pela estrada em direção à sua cidade. Colegas do jornalista disseram que ele havia recebido ameaças de morte.
Por outro lado, foram recebidas denúncias de que em alguns casos de desaparecimento de jornalistas as procuradorias estaduais e a própria Procuradoria Geral da República se recusaram a dar às vítimas os dados solicitados, como nos casos do jornalista Ramón Ángeles Zalpa, do jornal Cambio de Michoacán, desaparecido desde 6 de abril de 2010 e de Sergio Landa Rosado, do Diario Cardel de Veracruz, de paradeiro desconhecido desde 22 de janeiro de 2013.
Entre outras deficiências identificadas nas investigações oficiais do desaparecimento de jornalistas, nota-se a lentidão para iniciar os protocolos de busca, falta de coordenação entre as autoridades, abertura de inquéritos repetidos pela Procuradoria Geral e recusa em fornecer informações precisas.
O arbítrio na distribuição da publicidade, praticado pelos governos federal, estadual e municipal, é um dos inimigos da liberdade de imprensa no país.
Há às vezes limitações nas verbas para os meios de comunicação considerados incômodos e desvio de recursos para os meios favoráveis, constatando-se crescimentos excessivos e desperdícios de recursos provenientes do Estado, como nos casos do Grupo Mac, de Toluca, e Zócalo, em Coahuila.
As mudanças legislativas eleitorais de 2007 e 2014 obrigaram as concessionárias de rádio e televisão a darem tempo para a transmissão de propaganda eleitoral. O Instituto Nacional Eleitoral (INE) administra este tempo e proíbe que partidos ou cidadãos comprem ou vendam publicidade no rádio e na televisão para fins eleitorais. A lei também dá poder ao INE de aplicar punições pelas opiniões emitidas por jornalistas de rádio e televisão.
O caso chegou à Câmara Especializada do Tribunal Especial do Poder Judiciário Federal (TEPJF) com uma decisão a favor das estações de televisão. A investigação não foi adiante. A Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) também emitiu sua posição como "Amicus Curiae" (intervenção de partes interessadas) no caso, a favor do direito à liberdade de expressão dos jornalistas.